TECELÃS
de
Rizolete Fernandes
Mergulhar,
até o fim, em um livro é muito prazeroso. Ainda mais prazeroso do que isso,
entretanto, é, depois do mergulho, compartilhar impressões com quem teve a
mesma experiência. É uma satisfação conversar sobre aquele livro que nos
impactou, seus personagens e passagens marcantes. Mas essa não é uma
experiência que ocorre muito facilmente. É preciso amar a literatura. É preciso
encontrar leitores. É preciso falar sobre livros.
Pois é
exatamente isso que aconteceu comigo ao terminar de ler “Tecelãs / Tejedoras”,
de Rizolete Fernandes. Deu vontade de sair trocando impressões sobre esse
bonito livro. Como em quase todas as atividades, o mercado editorial também é
predominantemente dominado por nomes masculinos, ainda que essa realidade
esteja mudando aos poucos. É preciso contribuir para que mais autoras sejam
conhecidas e apreciadas. Não cabe aqui uma análise dos motivos pelos quais,
também na literatura, a voz feminina tem menos ressonância, mas cabe o
excelente registro de que o livro de Rizolete é uma iniciativa louvável e muito
exitosa.
Ancorada em
pesquisa e experiência prévia da autora, o livro joga luz sobre vários aspectos
da vida de vinte ficcionistas, poetas, artistas, religiosas: deslocamento,
amor, solidão, fé, a partir dessa experiência. Contada em edição bilíngue
(português/espanhol), a narrativa é abundante em sutilezas de interpretação,
intertextualidade e referências cruzadas, brilhando nomes como Emily Dickinson,
poetisa americana que viveu de 1830 a 1886; a feministas francesa Simone de
Beauvoir; a compositora Chiquinha Gonzaga; a chilena Gabriela Mistral; a nossa
Auta de Souza; e outras.
No momento
em que está em pauta o espaço da mulher em várias esferas da sociedade,
recomendo fortemente essa leitura. A experiência é gratificante. Cada escritora
tem sua especificidade, mas, claramente, essas escritoras brilham diante da
força do trabalho em conjunto. Chama atenção o suporte e a solidariedade da
abordagem feminina na literatura. Amigos, elas têm muito a nos ensinar.
Aproveitando o gancho, fecho com um poema de poetisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário