A primavera chegou oficialmente em Tóquio,
depois que a agência japonesa de meteorologia decretou que as cerejeiras
estavam desabrochando.
quarta-feira, 28 de março de 2018
TEMPO ETILÍRICO
O bêbado
sobe o monte
Mijando
estrelas
Na linha do
horizonte.
Beba seja o
que for
Bebida
transparente
O eu faz mal
é a cor.
O bêbado faz
promessas
Que beber é
morte lenta
Mas ele não
tem pressa.
O bêbado
pensa devagar
Está molhado
o mar
Este mar vai
se afogar.
O bêbado
abissal
Dissolve a
noite
Em taça de
cristal.
DIOGENES DA CUNHA LIMA
segunda-feira, 26 de março de 2018
A CULTURA
A cultura é apenas a arte da convivência.
PAULO MENDES CAMPOS
(Belo Horizonte, Minas Gerais. 1922 - 1991)
A FELICIDADE
A FELICIDADE
A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem
VINICIUS DE MORAES
(Rio de Janeiro, RJ. 1913 - 1980)
segunda-feira, 19 de março de 2018
terça-feira, 13 de março de 2018
O TALENTO
O talento está em fazer
de assuntos velhos assuntos novos.
MACHADO DE ASSIS
(Rio de Janeiro, RJ. 1839
- 1908)
DUAS VEZES SÃO TOMÁS DE AQUINO
Quem diz verdades perde
amizades.
A humildade é o primeiro
degrau da sabedoria.
SÃO TOMÁS DE AQUINO
(Roccasecca, Itália. 1225
– 1274)
segunda-feira, 12 de março de 2018
DE CADA DIA
12 de Março de 1912
Alberto Perry, capitão do Exército dos EUA, executa o primeiro salto de pára-quedas a partir de um avião.
quinta-feira, 8 de março de 2018
MULHER PRINCESA
Vamos parabenizar a mulher.
Ela merece. Simplesmente porque é a metade mais sensível, calma e flexível, a
metade mais bonita da humanidade. Não tenho certeza, mas, muitas vezes,
desconfio de que também é a parte mais inteligente.
Quem pode discordar do
louvor à mulher-mãe, vó, filha, amiga?
Quanto vale o que não honra a sua mulher?
Na história, a mulher
sobreviveu a todos os maus-tratos, preconceitos e maus conceitos, humildemente
gerando o fruto do seu ventre. Agora, a genética prova a dispensabilidade do
macho para a geração. Ainda que de clones, ainda que com intolerável uniformidade.
Jesus Cristo foi o primeiro
entre os primeiros a conferir dignidade à mulher, conversando com a estrangeira
samaritana, com elas caminhando, pregando, curando, defendendo. Até às
prostitutas. Todavia, uma duvidosa interpretação do dizer de São Paulo, em
epístola aos Coríntios, causou danos irreparáveis: “Cale-se a mulher na
igreja”. Assim, a mulher foi proibida também de cantar nas igrejas. Por isso,
até o século XVIII, meninos e rapazinhos eram castrados para permanecerem com
voz aguda nos corais. Penso que Bento XVI, o primeiro Papa a enaltecer o amor
carnal, poderá estender às mulheres a função sacerdotal.
A Bíblia faz registro de
mulheres notáveis como Éster, Judite, Rute. Não se pode esquecer a lendária
rainha de Sabá que encantou Salomão o mais sábio dos homens, e, até hoje, é responsável pela descendência
dos judeus negros da Etiópia.
Vão muito além da África e
do Oriente Médio as imposições sobre a mulher. Na China, a mulher rica ainda é
boneca e a pobre é um animal de trabalho. As meninas, até pouco tempo, usavam
ainda sapatos de ferro para terem os pés pequenos, considerada razão de beleza.
Para manter e justificar a
superioridade sobre a companheira, os homens inventam ditados, anexins,
provérbios, artes dramáticas. Em Portugal: “mulher magra sem ter fome, foge
dela que te come”. No Brasil: “mulher ri quando pode e chora quando quer”. Na
Inglaterra surgiu pior: “Mulheres e ventos são males necessários”. Já os
romanos diziam que “a mulher aprende a chorar para mentir” (Ovídio). Até na
ópera Rigoleto, de Verdi, consta que: “La donna è mobile”, a mulher é móvel
qual pluma ao vento…No Nordeste brasileiro, existem ditados que se prestam a
múltiplas interpretações: “Mulher só envelhece da cintura para cima”. Lembro,
finalmente, que Shakespeare, no começo do século XVII, põe na boca de Iago em
Otelo: “Fora de casa sois pinturas: nos quartos, sinos; santas, quando
ofendeis; demônios puros, quando sois ofendidas; insolentes no governo da casa
e boas donas do lar quando na cama”.
O Brasil já homenageou à
mulher elegendo uma Presidenta. Já foi, com êxito, por quase quatro anos
chefiado com nobreza por uma princesa: Isabel Cristina Leolpodina Augusta
Micaela Gabriela Gonzaga de Bragança e Bourbom, conhecida como Princesa Isabel.
Sabia falar francês, inglês, alemão, conhecia latim, a ela se deve a Lei do
Ventre Livre (1871), a fixação das nossas fronteiras, a antevisão do que seria
o Mercossul, a libertação dos escravos. Proclamada a República, mesmo não sendo
candidata, Isabel foi votada.
Saudemos a mulher. Você,
mulher, é princesa.
DCL
quarta-feira, 7 de março de 2018
A POESIA SEGUNDO JOÃO CABRAL
Eu comecei a sentir o que significa poesia
com a leitura de Baudelaire.
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
(Recife, Pernambuco. 1920 - 1999)
terça-feira, 6 de março de 2018
segunda-feira, 5 de março de 2018
sexta-feira, 2 de março de 2018
PREFÁCIO PARA LIVRO DE GILENO GUANABARA
A história da Faculdade de Direito de
Natal é uma história vitoriosa. Portanto, saúdo a Gileno Guanabara pela
iniciativa da publicação da segunda edição de “Faculdade de Direito de Natal –
Lutas e Tradições: 1949 – 1973” que ora vem a lume com novas significâncias. No
atual momento do pensamento jurídico e da vida do direito e da política no
Brasil e no mundo, em que as contradições sociais se tornam cada vez mais
agudas e explícitas, é preciso resgatar a compreensão profunda do direito na
sociedade. Livros de memória e espaços de reflexão que consigam avançar no
entendimento dos mecanismos estruturais da reprodução de nosso tempo são
valiosos.
Tenho acompanhado a trajetória de Gileno
Guanabara, uma liderança amena, militante de esquerda universitária, idealista,
rebelde, mas que nunca aceitou exageros extremistas, conhecido pela plenitude
democrática e tolerância política. Sempre revelou vocação para a literatura e é
um fazedor de amizades. Advogado e
político, pesquisador incansável de nossa história, revela seriedade,
comprometimento, altivez e, principalmente, a dedicação de muitos anos de
vivência e pesquisa em relação a nossa Faculdade de Direito relatadas nesta
obra, que reflete as formas pelas quais o Direito pode incidir na vida do ser
humano, individualmente ou como grupo.
Intelectual respeitado, cronista,
memorialista, nascido na capital do Rio Grande do Norte e cuja carreira se
desenvolveu em Natal, Gileno é ilustre pensador do direito brasileiro, pela sua
trajetória, solidez de pensamento e grandeza de figura humana, é um símbolo
importante para os juristas e intelectuais potiguares, e esta publicação afirma
o seu melhor. O livro tem diversos capítulos que trazem reflexões sobre o a
Faculdade de Direito de Natal e trata de temas como “O Primeiro Vestibular”, “O
Corpo Docente”, “A Diretoria da Faculdade”, “Da Biblioteca da Faculdade” etc. Celebra
um curso marcado pela qualidade de ensino e pesquisa, e revela suas
transformações rumo ao aperfeiçoamento do ensino.
Na sua primeira edição, de 1988, teve
prefácio de Otto de Brito Guerra e capa de Nei Leandro de Castro. Otto foi
diretor da Faculdade de Direito, líder católico de grandeza humana e reitor da
UFRN. Nei é poeta e escritor renomado. Destaco também comentário valioso do
poeta Luís Carlos Guimarães, que diz: “Escrito sem o travo da amargura e do
ressentimento. Bem-humorado até. (...) Testemunho de Gileno Guanabara e de sua
geração sobre uma era de escuridão em
que,, de candeia na mão, atravessaram o túnel e foram ao encontro da manhã que
Ajudaram a construir. A marca do espírito de luta que fundou novos caminhos. O
testamento da fé e coragem de tantos que trabalharam o ideal da liberdade. A
consciência no futuro.”
Nesses dias, em que os novos campos do
Direito abarcam um sem-número de áreas, derivadas do desenvolvimento
tecnológico e do incremento da complexidade social e econômica, ocupar-se da
história de uma faculdade é uma tarefa de grande relevo. Hoje, nosso curso
acolhe as doutrinas reformadoras e também as conservadoras. Do diálogo entre
elas, da convivência entre professores acadêmicos e docentes vinculados ao
mercado, do respeito ao passado e do debate sobre o futuro do direito, nascerá
um pensamento jurídico mais consistente. Me formei nela. É uma enorme
responsabilidade seguir os passos dos homens que mudaram o ensino. Dou como
exemplo desta época de efervescência ideológica: minha turma era conhecida como
Turma da Paz, escolhemos como paraninfos John F. Kennedy e Nikita Khrushchov, e
ainda tivemos que homenagear o Papa João XXIII. A discussão era acesa.
Vida longa aos ideais que constituíram a
formação da Faculdade de Direito de Natal!
DIOGENES DA CUNHA LIMA
FOTOGRAFIA IMORTAL
FERNANDO SABINO, OTTO LARA RESENDE,
MURILO RUBIÃO e HÉLIO PELLEGRINO
MURILO RUBIÃO e HÉLIO PELLEGRINO
Belo Horizonte, Minas Gerais, 1943
DIÓGENES "CASCUDO" DA CUNHA LIMA
Graças à
iniciativa do paraibano Adalberto Targino e seus confrades da Academia de
Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte fui honrado com a inclusão do meu nome
entre os novos sócios da entidade, na categoria
de correspondente. Em muito boa companhia: Berilo Ramos Borba, Roque de
Brito Alves, Raimundo de Oliveira, Ralph Siqueira, Itapuan Botto Targino, Walber de Moura Agra, Ricardo
Bezerra, além dos ausentes mas não menos destacados desembargadores Rogério
Fialho e Fátima Bezerra Cavalcanti. A solenidade foi coroada com a posse de
nova imortal, a advogada natalense Lúcia Jales.
Roubado da
cena jurídica muito cedo, quando a tribuna parlamentar me convocou, mesmo assim
percorri algumas searas que enriqueceram meu curriculum e me levaram à honra de
pertencer àquele silogeu. Coube ao ex-reitor Berilo Borba traçar o perfil dos
empossandos. Sobre a minha modesta pessoa escreveu: “nascido em Borborema, fez
os primeiros anos do ensino médio aqui em Natal, onde teve de acompanhar as
travessuras de “Pecado” que agitava a moçada. Terminou seu curso secundário no
Liceu , em João Pessoa. Graduou-se em direito. Foi advogado militante e
procurador. Na política foi vereador em Borborema e presidente da Câmara,
deputado estadual e federal. Hoje é membro do Instituto Histórico e Geográfico
Paraibano e da Academia Paraibana de Letras. Jornalista consagrado, cronista, historiador
e escritor: autor de vários livros”. O jornalista consagrado vem da generosidade do orador.
Registro a
espontânea acolhida dos membros da ALEJURN, entidade que reúne os mais
representativos juristas da terra potiguar, desde o presidente Lúcio Teixeira,
ao eterno presidente da Academia Norte Riograndense de Letras, o causídico,
poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima primo/irmão de Ronaldo, sobre quem
publicou recentemente ilustrado trabalho lançado na nossa Academia de Letras.
Seu admirador de longa data, pelo conjunto da obra, nossa ligação é também
familiar. É Ramalho da descendência dos Amâncio Ramalho e viúvo de Moema
Ramalho Tinoco, filha de Artur Tinoco e Carmésia, esta, filha do velho José
Amâncio Ramalho, fundador da minha terra natal e pioneiro da energia
hidroelétrica no nordeste brasileiro.
Diógenes é
especialista em Luiz da Câmara Cascudo. Cascudo está para o Rio Grande como
Gilberto Freyre para Pernambuco e José Américo para a Paraíba. Aliás, Cascudo
tem algo mais em comum com Zé Américo:
ambos foram depurados quando eleitos deputados federais em 1930. “O meu
mandato durou três dias”, diria Cascudo. Desde então abominou a política. Zé
Américo seguiu em frente. Diógenes esmiuçou a obra cascudiana, anotou
conversas, guardou dedicatórias e se deliciou com suas cartas. Absorveu essa
convivência de vinte anos e documentou seus melhores momentos. Para ele,
Cascudo era um brasileiro feliz. A princípio, o mestre reclamou da definição:
indiretamente, milhões de brasileiros seriam infelizes… Terminou por aceitar o
conceito e proclamou: “sou o que Diógenes me chamou: um brasileiro feliz”. Eu
acrescentaria: e de muito bom humor. O
livro de Diógenes, “Câmara Cascudo um brasileiro feliz”, já vai na
quarta edição e inclui um Dicionário do Humor do renomado escritor, folclorista,
sociólogo, antropólogo, historiador, poeta e professor de Direito Internacional
Público. Fundador da Academia de Letras do RN e de tantas outras instituições
culturais fez jus à definição de Jorge Amado: “pobre de bens materiais, mas
rico de alegria criadora”.
A simbiose
entre Diógenes e Cascudo, resultado de uma longa convivência e respeitosa
amizade levou-me a acrescentar Cascudo no nome do poeta para compor o título
acima. O velho mestre não reclamaria. Seu discípulo, muito menos. Desde os
treze anos, quando deixou Nova Cruz para continuar os estudos em Natal,
Diógenes passou a frequentar o casarão da Junqueira Ayres. Só saia de lá com a
carinhosa ordem do dono da casa: vá baixar noutro terreiro! Foi assim que começou
a “beber água na fonte”,cumprindo, com rigor e dedicação a recomendação paterna: “ Procure Cascudo.
Câmara Cascudo é um rio, o resto tudo é riacho”.
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