Graças à
iniciativa do paraibano Adalberto Targino e seus confrades da Academia de
Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte fui honrado com a inclusão do meu nome
entre os novos sócios da entidade, na categoria
de correspondente. Em muito boa companhia: Berilo Ramos Borba, Roque de
Brito Alves, Raimundo de Oliveira, Ralph Siqueira, Itapuan Botto Targino, Walber de Moura Agra, Ricardo
Bezerra, além dos ausentes mas não menos destacados desembargadores Rogério
Fialho e Fátima Bezerra Cavalcanti. A solenidade foi coroada com a posse de
nova imortal, a advogada natalense Lúcia Jales.
Roubado da
cena jurídica muito cedo, quando a tribuna parlamentar me convocou, mesmo assim
percorri algumas searas que enriqueceram meu curriculum e me levaram à honra de
pertencer àquele silogeu. Coube ao ex-reitor Berilo Borba traçar o perfil dos
empossandos. Sobre a minha modesta pessoa escreveu: “nascido em Borborema, fez
os primeiros anos do ensino médio aqui em Natal, onde teve de acompanhar as
travessuras de “Pecado” que agitava a moçada. Terminou seu curso secundário no
Liceu , em João Pessoa. Graduou-se em direito. Foi advogado militante e
procurador. Na política foi vereador em Borborema e presidente da Câmara,
deputado estadual e federal. Hoje é membro do Instituto Histórico e Geográfico
Paraibano e da Academia Paraibana de Letras. Jornalista consagrado, cronista, historiador
e escritor: autor de vários livros”. O jornalista consagrado vem da generosidade do orador.
Registro a
espontânea acolhida dos membros da ALEJURN, entidade que reúne os mais
representativos juristas da terra potiguar, desde o presidente Lúcio Teixeira,
ao eterno presidente da Academia Norte Riograndense de Letras, o causídico,
poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima primo/irmão de Ronaldo, sobre quem
publicou recentemente ilustrado trabalho lançado na nossa Academia de Letras.
Seu admirador de longa data, pelo conjunto da obra, nossa ligação é também
familiar. É Ramalho da descendência dos Amâncio Ramalho e viúvo de Moema
Ramalho Tinoco, filha de Artur Tinoco e Carmésia, esta, filha do velho José
Amâncio Ramalho, fundador da minha terra natal e pioneiro da energia
hidroelétrica no nordeste brasileiro.
Diógenes é
especialista em Luiz da Câmara Cascudo. Cascudo está para o Rio Grande como
Gilberto Freyre para Pernambuco e José Américo para a Paraíba. Aliás, Cascudo
tem algo mais em comum com Zé Américo:
ambos foram depurados quando eleitos deputados federais em 1930. “O meu
mandato durou três dias”, diria Cascudo. Desde então abominou a política. Zé
Américo seguiu em frente. Diógenes esmiuçou a obra cascudiana, anotou
conversas, guardou dedicatórias e se deliciou com suas cartas. Absorveu essa
convivência de vinte anos e documentou seus melhores momentos. Para ele,
Cascudo era um brasileiro feliz. A princípio, o mestre reclamou da definição:
indiretamente, milhões de brasileiros seriam infelizes… Terminou por aceitar o
conceito e proclamou: “sou o que Diógenes me chamou: um brasileiro feliz”. Eu
acrescentaria: e de muito bom humor. O
livro de Diógenes, “Câmara Cascudo um brasileiro feliz”, já vai na
quarta edição e inclui um Dicionário do Humor do renomado escritor, folclorista,
sociólogo, antropólogo, historiador, poeta e professor de Direito Internacional
Público. Fundador da Academia de Letras do RN e de tantas outras instituições
culturais fez jus à definição de Jorge Amado: “pobre de bens materiais, mas
rico de alegria criadora”.
A simbiose
entre Diógenes e Cascudo, resultado de uma longa convivência e respeitosa
amizade levou-me a acrescentar Cascudo no nome do poeta para compor o título
acima. O velho mestre não reclamaria. Seu discípulo, muito menos. Desde os
treze anos, quando deixou Nova Cruz para continuar os estudos em Natal,
Diógenes passou a frequentar o casarão da Junqueira Ayres. Só saia de lá com a
carinhosa ordem do dono da casa: vá baixar noutro terreiro! Foi assim que começou
a “beber água na fonte”,cumprindo, com rigor e dedicação a recomendação paterna: “ Procure Cascudo.
Câmara Cascudo é um rio, o resto tudo é riacho”.
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