sexta-feira, 2 de março de 2018

PREFÁCIO PARA LIVRO DE GILENO GUANABARA





A história da Faculdade de Direito de Natal é uma história vitoriosa. Portanto, saúdo a Gileno Guanabara pela iniciativa da publicação da segunda edição de “Faculdade de Direito de Natal – Lutas e Tradições: 1949 – 1973” que ora vem a lume com novas significâncias. No atual momento do pensamento jurídico e da vida do direito e da política no Brasil e no mundo, em que as contradições sociais se tornam cada vez mais agudas e explícitas, é preciso resgatar a compreensão profunda do direito na sociedade. Livros de memória e espaços de reflexão que consigam avançar no entendimento dos mecanismos estruturais da reprodução de nosso tempo são valiosos.

Tenho acompanhado a trajetória de Gileno Guanabara, uma liderança amena, militante de esquerda universitária, idealista, rebelde, mas que nunca aceitou exageros extremistas, conhecido pela plenitude democrática e tolerância política. Sempre revelou vocação para a literatura e é um fazedor de amizades.  Advogado e político, pesquisador incansável de nossa história, revela seriedade, comprometimento, altivez e, principalmente, a dedicação de muitos anos de vivência e pesquisa em relação a nossa Faculdade de Direito relatadas nesta obra, que reflete as formas pelas quais o Direito pode incidir na vida do ser humano, individualmente ou como grupo.

Intelectual respeitado, cronista, memorialista, nascido na capital do Rio Grande do Norte e cuja carreira se desenvolveu em Natal, Gileno é ilustre pensador do direito brasileiro, pela sua trajetória, solidez de pensamento e grandeza de figura humana, é um símbolo importante para os juristas e intelectuais potiguares, e esta publicação afirma o seu melhor. O livro tem diversos capítulos que trazem reflexões sobre o a Faculdade de Direito de Natal e trata de temas como “O Primeiro Vestibular”, “O Corpo Docente”, “A Diretoria da Faculdade”, “Da Biblioteca da Faculdade”  etc.  Celebra um curso marcado pela qualidade de ensino e pesquisa, e revela suas transformações rumo ao aperfeiçoamento do ensino.

Na sua primeira edição, de 1988, teve prefácio de Otto de Brito Guerra e capa de Nei Leandro de Castro. Otto foi diretor da Faculdade de Direito, líder católico de grandeza humana e reitor da UFRN. Nei é poeta e escritor renomado. Destaco também comentário valioso do poeta Luís Carlos Guimarães, que diz: “Escrito sem o travo da amargura e do ressentimento. Bem-humorado até. (...) Testemunho de Gileno Guanabara e de sua geração  sobre uma era de escuridão em que,, de candeia na mão, atravessaram o túnel e foram ao encontro da manhã que Ajudaram a construir. A marca do espírito de luta que fundou novos caminhos. O testamento da fé e coragem de tantos que trabalharam o ideal da liberdade. A consciência no futuro.”

Nesses dias, em que os novos campos do Direito abarcam um sem-número de áreas, derivadas do desenvolvimento tecnológico e do incremento da complexidade social e econômica, ocupar-se da história de uma faculdade é uma tarefa de grande relevo. Hoje, nosso curso acolhe as doutrinas reformadoras e também as conservadoras. Do diálogo entre elas, da convivência entre professores acadêmicos e docentes vinculados ao mercado, do respeito ao passado e do debate sobre o futuro do direito, nascerá um pensamento jurídico mais consistente. Me formei nela. É uma enorme responsabilidade seguir os passos dos homens que mudaram o ensino. Dou como exemplo desta época de efervescência ideológica: minha turma era conhecida como Turma da Paz, escolhemos como paraninfos John F. Kennedy e Nikita Khrushchov, e ainda tivemos que homenagear o Papa João XXIII. A discussão era acesa.

Vida longa aos ideais que constituíram a formação da Faculdade de Direito de Natal!

DIOGENES DA CUNHA LIMA







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