quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SER AMIGO





Um bom amigo torna limpa a alma em flor,
Melhor do que parente, doce como o amor.

Ser amigo é ter no íntimo a alma aberta,
Braços abertos para o abraço, oferta.

É esquecer as máscaras, a fantasia 
Que vestimos a fim de conferir valia.

Só, triste como Jó, doente de solidão,
E o sem-remédio tem fim: amigo no coração.

É partilhar momentos, quedas, sonhos, sons,
E fazer dupla via das nobres emoções.

É reviver o fato ao qual Jesus explica:
Nosso pão repartido cresce, multiplica.

É perceber o outro da aurora ao sol posto
E partilhar o nosso clã, gosto e desgosto.

A amizade traz boa sinergia, eterna,
E gera, não direi amor, mas vida terna.

Amigo é quem mais oferece que exige
E em matéria sã a lealdade não transige.

Bela memória, lúcida lembrança empresta,
Sendo recordação, a amizade é festa.

Ser amigo é ser igual nas diferenças 
E dourar o afeto, e renegar descrenças.

É manter, nas tormentas, um seguro abrigo,
Ter alguém, solidário, a quem chamar amigo.

DCL



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

PARÓQUIAS POTIGUARES: UMA HISTÓRIA






O padre Normando Pignataro Delgado foi um amigo da vida inteira. Colega de residência em Recife. Fizemos concurso para juiz, na mesma turma que José Augusto Delgado. Fomos nomeados, mas não aceitamos. Eu continuei advogado e Normando preferiu ser padre. “Recebi um chamado (de Deus) e disse sim”, contou-me.


Padre Normando é autor de “Paróquias Potiguares – Uma História”, lançado recentemente pelas Edições do Senado Federal.  O belo livro tem apresentação de Jurandyr Navarro e prefácio do padre João Medeiros Filho.




RESILIÊNCIA






Lucas, meu neto, estudante de engenharia elétrica na UFRN, não confere qualquer importância à sua síndrome genética. Recentemente, em Pirangi, ele disse-me que tinha um problema.

- Que problema você tem?

- Não consigo me preocupar, não “pego” stress com nada.

Ele é exemplo de resiliência, de saber enfrentar adversidades com absoluta tranquilidade.


DCL




ENCONTRO


A arte do encontro tem merecido variadas manifestações. Um tanka, de Raimundo Gadelha, inova: "Encontrar é renascer".

DCL



A BENÇÃO DE CÂMARA CASCUDO






            Quando vim estudar aqui, meu pai, que tinha enorme curiosidade intelectual, advertiu-me:

            - Você gosta de literatura. Em Natal só tem um rio que é Câmara Cascudo. O resto é tudo riacho.

            Banhei nas águas desse rio a minha adolescência e maturidade. Inicialmente, tentei, sem sucesso, aproximar-me dele. Mas mesmo sem prestar atenção ao meu entusiasmo, não deixava de ter uma palavra gentil. Um dia, fui fazer o exame oral, vestibular para a faculdade de Direito, na Ribeira. A banca de História nos assombrava. Lá estava ele presidindo a mesa, com Hélio Galvão e Floriano Cavalcanti. Quis, de todo jeito, chamar a sua atenção. Hélio, o religioso, perguntou-me o significado da Revolução Espanhola. Dessacralizei a Igreja Católica como podia. Desde Francisco Franco até o Santo Ofício. Arrematei, dizendo que a Revolução Espanhola representou a falência da democracia e a matança industrializada que incluiu o maior poeta do universo, Garcia Lorca. Cascudo riu e comentou o meu atrevimento com o austero professor Floriano Cavalcanti, chamando-o pelo apelido carinhoso “Flor”.

            Antes de ser meu professor de Direito Internacional Público, já assistia às suas aulas, em outras classes. Quase nada de Direito, muito de etnografia, cultura popular, história, anedotas acompanhadas de gestos e caretas, poesia. Um dia, disse que Goethe era a chave. Apenas isso: a chave. Ainda agora lendo sobre o Caos, a mais nova teoria científica em voga, descubro que até na teoria das cores Goethe é a chave.

            Cascudo me deu honras de aluno predileto. Um filho, dizia. Foi meu padrinho de casamento em João Pessoa. Creio que fui selecionado pela ousadia em lhe sugerir estudos e pelo bairrismo de Nova Cruz e Passa e Fica. O tempo só me faz aumentar a devoção ao Mestre. Em minha sala de trabalhos, os seus olhos imobilizados no retrato me fazem ver coisas, caminhos, soluções imprevistas.

            Frequentei a sua casa por mais de vinte anos. Tive curso informal de literatura e humanismo. Sou testemunha do amor, da dedicação à esposa com nome de flor, do bem-querer aos filhos, da alegria pela beleza de Daliana; pelo talento da escritora precoce, Camila; e por Niltinho, que deu um bom depoimento sobre o avô.

Certa vez, o Mestre me disse que ao chegar em casa umas flores amarelas (que estavam do outro lada da porta de entrada) lhe cumprimentavam. A flor lhe dava bom dia. E Dáhlia, que lhe calçava as meias, adivinhava suas vontades!

Quando lhe mostrei o livro, sugerido por Paulo Macedo, Câmara Cascudo, um Brasileiro feliz, reprovou-me: “Você está chamando os outros cem milhões de brasileiros de infelizes! ”. Depois de publicado, para a minha alegria, comentou que era a forma boa de fazer biografia: não definir e mostrar as várias faces e circunstancias para que o leitor conclua quem é o seu biografado. E adotou o título, declarando ser realmente um brasileiro feliz.

            Na entrado do seu quarto, havia um retrato de Rubem Ludwig, comigo presente. Gostou muito do ex-ministro, chamando-o de xará, Ludwig, Ludovicus. Dona Dáhlia me contou que, antes de deitar, o Mestre atirava beijos ao retrato e nos dava a benção.

            Sei que meu padrinho, de onde estiver, com asas, vestido de seda e arminho, abençoa a minha vida e a dos meus.


Diogenes da Cunha Lima




O CLUBE DO GALO EM FESTA






Comemorando 22 anos de existência, a diretoria do Clube do Galo se reuniu domingo passado, 17, em Pirangi (RN), para almoço-celebração incluindo toque de sino. Foram recebidos por Diogenes da Cunha Lima e Vera em sua residência de praia. 

Entre os presentes, o senador Aloysio Nunes Ferreira e a esposa Giselle; Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, Ministro do STJ; José Augusto Delgado; Genebaldo e Lalinha Barros; Edson, Adriana e Sonia Faustino; Clênio e Olindina Freire; Alexandre Érico e Marco Aurélio Sá.










terça-feira, 12 de janeiro de 2016

CONVITE: POSSE DE MARCELO NAVARRO






ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

Data: 20 de janeiro, às 20h


O ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro, eleito por unanimidade para integrar a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, vai ocupar a Cadeira de nº 39, que anteriormente pertencia ao jurista Raimundo Nonato Fernandes, e tem como patrono o poeta Damasceno Bezerra.

Será uma noite magnífica da Academia. Saudação de Jurandyr Navarro. Comissão de recepção composta de Vicente Serejo, José Augusto Delgado e Monsenhor José Mário.

Confirmaram presenças: governador Robinson Faria; ministro do Tribunal de Justiça, Napoleão Nunes Maia; o presidente da Assembleia Legislativa do RN, Ezequiel Ferreira; e Murilo Mello Filho, da Academia Brasileira de Letras.