terça-feira, 29 de novembro de 2016

DOROTHY E A OBRA DE ARTE




Dorothy, a poodle de Diogenes da Cunha Lima, encantada com a escultura do pernambucano Abelardo da Hora.



DE CAMÕES




... também dos Portugueses
Alguns traidores
houve algumas vezes


CAMÕES
Canto IV



SER AMIGO



O antônimo de amigo, o mais extremo, é traidor. Jesus chamou Judas de amigo, ainda que tivesse certeza do poder destrutivo da traição. Judas, o ambivalente, tornou-se o sinônimo popular do traidor.

DCL

SER AMIGO


Um bom amigo torna limpa a alma em flor,
Melhor do que parente, doce como o amor.

Ser amigo é ter no íntimo a alma aberta,
Braços abertos para o abraço, oferta.

É esquecer as máscaras, a fantasia
Que vestimos a fim de conferir valia.

Só, triste como Jó, doente de solidão,
E o sem-remédio tem fim: amigo no coração.

É partilhar momentos, quedas, sonhos, sons,
E fazer dupla via das nobres emoções.

É reviver o fato ao qual Jesus explica:
Nosso pão repartido cresce, multiplica.

É perceber o outro da aurora ao sol posto
E partilhar o nosso clã, gosto e desgosto.

A amizade traz boa sinergia, eterna,
E gera, não direi amor, mas vida terna.

Amigo é quem mais oferece que exige
E em matéria sã a lealdade não transige.

Bela memória, lúcida lembrança empresta,
Sendo recordação, a amizade é festa.

Ser amigo é ser igual nas diferenças
E dourar o afeto, e renegar descrenças.

É manter, nas tormentas, um seguro abrigo,
Ter alguém, solidário, a quem chamar amigo.


DCL



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

FRASE DO DIA




O livro informa, distrai, enriquece o espírito, 
põe a imaginação em movimento.


JOSÉ MINDLIN




terça-feira, 22 de novembro de 2016

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

ANRL - 80 ANOS






GERALDO CARNEIRO NA ABL





O poeta, compositor e roteirista mineiro Geraldo Carneiro, de 64 anos, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele ocupará a cadeira 24, que pertencia ao acadêmico e teatrólogo Sábato Magaldi.

Ele é autor dos livros de poesia: “Em busca do Sete-Estrelo”, “Verão vagabundo”, “Piquenique em Xanadu”, “Pandemônio”, “Folias metafísicas”, “Por mares nunca dantes”, “Lira dos cinquent’anos” e “Balada do impostor”.

Com Carlito Azevedo, lançou “Sonhos da insônia”, com a tradução de sonetos de William Shakespeare. Também publicou, em prosa, os livros “Vinícius de Moraes: a fala da paixão” e “Leblon: a crônica dos anos loucos”.




SERIDÓ




Seridó: a seca pode ser implacável, mas não mata uma planta de raízes profundas, 
a árvore genealógica.

HAROLDO PINHEIRO BORGES




segunda-feira, 14 de novembro de 2016

UNIVERSIDADE




A Universidade é a única esperança do brasileiro, de o ser humano viver com dignidade. É a instituição que tem e forma gente capaz de indicar caminhos para harmonizar a vida, fazer um mundo melhor.

A crise tudo atinge, afeta a todos. O povo percebe sinais, sintomas da doença vagos e periféricos. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público deram o diagnóstico: o câncer da corrupção tinha raízes profundas. Com isso, o Poder Judiciário dá exemplo ao mundo, julgando e mandando para a cadeia os delinquentes da política e de empresas, dirigentes sindicais de associações nebulosas até então intocáveis.

A hipertrofia do Poder Executivo remonta ao tempo do Império e era exacerbada. O Legislativo tomou fôlego e foi até ao impedimento da Presidente da República. Agora, corre-se o risco da hipertrofia do Poder Judiciário. O Supremo Tribunal Federal já andou legislando, e chegou a considerar sem valor o texto expresso da Constituição (valer prisão antes do trânsito em julgado da decisão condenatória). O STF restringiu o direito de greve aos funcionários públicos, cortando salários dos grevistas. E deu repercussão geral. Essa limitação do exercício de um direito atinge também as universidades públicas.

É este, pois, o momento de a Universidade deixar de ser coadjuvante para ser protagonista das mudanças. Não as “universidades” que distribuem diplomas, créditos, títulos, que funcionam apenas como ilegítimos retratos nas paredes. Não as universidades preguiçosamente sectárias, unívocas. Não as transmissoras de convicções obsoletas, não as argentárias, que vendem a ilusão titulada. Enfim, não as entidades de subalternidade ética e intelectual. Sim as Universidades que fazem jus ao nome, criam e semeiam conhecimento para fazer melhor a civilização e a conquista da cidadania para todos, para que a vida seja uma gratificação.

Quem tem conhecimento tem poder. Mas para exercê-lo é preciso uma vontade política e recursos suficientes, que parecem faltar às universidades brasileiras. Recursos financeiros poderão existir vindos da criação e das patentes, de convênios, contratos com empresas, financiamento dos governos, das fundações filantrópicas. E ainda da força de mobilização dos ex-alunos vitoriosos. É assim que funciona no mundo desenvolvido.

É desse modo que atuam as comunidades científicas que valorizam a inteligência e a criatividade e que aplicam e difundem a meritocracia.

A Universidade de excelência é a que se renova a cada dia. São vozes polifórmicas harmonizadas por comum aspiração e objetivo.

Neste milênio, a Universidade deve estar apta a assumir a liderança não apenas do pensar e do saber, mas também do agir para a melhoria das condições humanas.

É simplesmente fascinante a história universitária, sempre múltipla e relatada de forma imperfeita e com interpretações diferentes. A Instituição veio com o destino de crescer e se multiplicar. As principais foram concebidas na África. Em Fez, no Marrocos, em 853, e a teológica do Cairo, em 969. Depois, a vez da Europa. Entre as 10 primeiras, 4 em território italiano: Bolonha, em 1088; Modena, em 1175; Pádua, em 1222; e Nápoles, em 1224. Duas na Inglaterra: Oxford, 1167; e Cambridge, 1209. Uma para a França e outra para a Espanha: Paris, em 1209; e Salamanca, em 1219. Ao findar o século, 1290, Portugal criou a Universidade Coimbra, em Lisboa, que teve influência decisiva na formação do Brasil.

Nos países altamente desenvolvidos, as universidades, além de qualificarem líderes dirigentes, compartilham conhecimentos entre si, com governos, empresas, associações civis, porque lideram e apontam caminhos.

Assim, estudou na Universidade de Havard a maioria dos Ministros da Suprema Corte dos Estados Unidos. Dos 535 membros do Congresso, apenas 20 não têm diploma universitário.

Também dos Estados Unidos, M.I.T., Massachusetts Institute Of Technology, fundada em 1861. Tem liderança universal do saber e atua congregando experts de 150 países. Muitos deles voltaram ao país de origem como agentes do desenvolvimento.

A Universidade brasileira comparada às de além-mar, apenas centenária, é menina. Ainda assim, já produz maravilhas.

Nenhum estudo-ensino verdadeiramente universitário tem menor valor na marcha da civilização. Do alto da filosofia à efêmera beleza da moda.

Como é bom ter notícia, por exemplo, de que a universidade do Amazonas, a pedido de Caciques, ensina em língua Ticuna perto da fronteira com a Colômbia e com o Peru. Já há na região mestres e doutores. A Universidade Federal do Oeste do Pará já formou indígenas que falam três línguas diferentes e ministram cursos de pós-graduação.

Em muitos campos, a universidade brasileira já é conhecida e contribui para a melhoria do país. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, às vésperas de completar 60 anos, orgulha-nos por muito servir ao Brasil. E cada dia torna-se maior.

Quando plenamente a universidade brasileira cumprirá a sua vocação de liderança?  




sexta-feira, 11 de novembro de 2016

FRASE DO DIA



A paixão é incompatível com o amor. O apaixonado é um ciumento, insuportável.

MÁRIO QUINTANA



ACADEMIA DE LETRAS CELEBRA 80 ANOS





A Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL) celebra 80 anos de fundação. Para marcar a data especial, uma significativa programação foi preparada, de Missa de Ação de Graças a entrega de comendas. O evento acontece no próximo 14 de novembro, segunda-feira, na sede da Academia (Rua Mipibu, 443, Petrópolis).

Inicialmente, às 8h30, missa conduzida pelos acadêmicos padre João Medeiros e cônego José Mário. À noite, às 20 horas, o poeta e acadêmico Paulo de Tarso Correia de Melo palestra sobre os 80 anos da ANRL. A seguir, a entrega das comendas comemorativas: Palmas Acadêmicas Câmara Cascudo, Mérito Acadêmico Agnelo Alves e Sócios Beneméritos. 


PROGRAMAÇÃO


8h30 - Hasteamento da Bandeira e Missa de Ação de Graças concelebrada pelos Acadêmicos: Padre João Medeiros e Cônego José Mário.

20h - Palestra sobre os 80 Anos da Academia pelo acadêmico Paulo de Tarso Correia de Melo.



COMENDAS COMEMORATIVAS



Palmas Acadêmicas Câmara Cascudo 


Manoel Rodrigues de Melo (In Memoriam)
Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Tarcísio Gurgel dos Santos (Orador)


Mérito Acadêmico Agnelo Alves 


Tácito Costa
Alan Silva Severiano
Marcos Aurélio de Sá
Yuno Silva


Sócios Beneméritos


Thiago Gonzaga dos Santos
Derivaldo dos Santos
Alfredo Ramos Neves
Carlos Alexandre Câmara



terça-feira, 8 de novembro de 2016

FRASE DO DIA



Quero notícias do amor e do cuidado, do crescimento, 
da solidariedade e da ternura.


MONSA COEN




A IMORTALIDADE ATUAL





A tatuagem digital é permanente. A corporal, óbvio, tem a vida do corpo. Hoje, três vezes mais que a humanidade, 20 bilhões de rostos estão gravados eletronicamente. No passado, heróis, entre os vencedores, e santos, entre os bons, poderiam se tornar célebres. Na vertigem do nosso tempo, qualquer um pode ter sua imagem fixada em memória digital. A qualquer momento, alguém pode virar celebridade e ter os seus 15 minutos de fama.

A tecnologia eletrônica de ponta, quarta Revolução Industrial, está produzindo uma transformação do pensamento e do comportamento humano.

A tatuagem imortal é tema central de palestra na Universidade da Califórnia, em San Diego, do professor Juan Henriquez. A nova tatuagem poderá ser vista em movimento e apreciada pelas futuras gerações.

O professor, futurista, deixa aos seus ouvintes participantes a escolha do fato ser um bem ou um mal social. Uma das razões: a privacidade, tão apregoada como direito de todos, passou a ser privilégio de poucos. Para reflexão e em abono à sua tese, o mestre californiano invoca a mitologia grega, Sísifo, Narciso, Orfeu e Eurídice.

A tatoo é criação milenar, afirma arqueólogos. A pele, fronteira do corpo, maior dos órgãos humanos, serve de tela (literalmente, a tela subcutânea), que é trabalhada com pinturas, desenhos, mensagens.

A tatuagem, tanto como atividade empresarial quanto amadorística, tem buscado inspiração em gênios das artes plásticas para recriações na pele – são mais frequentes Leonardo da Vinci (desenho do “Homem Vitruviano”, a “Mona Lisa”, a “Ceia Larga”), surreal de Salvador Dali e de Picasso, os girassóis de Van Gogh, a angústia do “Grito” de Munch, a múltipla Frida Kahlo.

Arte na pele tem despertado cultores e potentes oposições. Entre os mandamentos que Deus deu a Moisés está: “Não dareis golpe no vosso corpo; nem fareis marca alguma sobre vós” (Levítico, 19:28).

O papa Adriano, que governou o mundo cristão entre 779 e 795, ainda que protetor das artes, proibiu que se fizesse qualquer sinal no corpo humano.

O governo inglês, em 879, mandou tatuar os criminosos para identificá-los. Apesar de todas as negações normativas, de interpretações, preconceitos, a tattoo resiste e, por vezes, é exaltada. Um exemplo atual é a exposição chamada “Skin and Ink”, de Los Angeles, que mereceu aplausos de incontáveis visitantes.

Como advogado, tive uma experiência singular. O filho de um amigo muito querido tinha sido preterido de entrar para a nossa polícia militar, porque o edital do concurso vedava tatuagem aos candidatos. Argumentei que o corpo é o que de mais seu a pessoa tem. É o uso personalíssimo, ademais, o militar só está em função quando estiver fardado. A tatuagem do candidato era no braço, sob a farda ninguém poderia vê-la. Pedi estudo a um estagiário-filósofo inteligentíssimo. Dei parecer de quatorze laudas que convenceu o Comandante e outros militares responsáveis. Alegria do êxito. 

Agora, o Supremo Tribunal Federal decidiu igualmente para um soldado de São Paulo.

As estrelas atuais não são apenas os gênios, os portadores de talento superior. Qualquer pessoa, a mais comum e cotidiana, pode virar celebridade instantânea. A humanidade vive a sua quarta Revolução Industrial, época da conectividade. Um rosto, o gestual, um episódio banal pode ser acessado por milhares ou milhões de internautas. Um bem bolado gesto serve de exemplo: os jovens norte-americanos costumam cumprimentarem-se com o “high five”. As mãos espalmadas se tocam no alto. É representação de parceria, amizade, estamos bem. Um deles faz selfie auto-cumprimentando-se: foi festejado por muitos milhares de pessoas.

Aos mitos da Grécia, Juan Henriquez acrescentou um argentino, o escritor Jorge Luís Borges, para indagar se vale a pena a imortalidade.

Sísifo, o esperto, foi condenado por Zeus a empurrar uma enorme pedra até o alto de uma montanha, mas a pedra vem sempre abaixo, obrigando a um novo e inútil esforço.

Narciso, contemplando sua bela imagem, reflexo nas águas, apaixona-se por si mesmo.

Orfeu, o poeta músico, que encantava seres humanos, pássaros, árvores, animais selvagens, vai buscar Eurídice, sua amada morta no inferno, Hades. Consegue, mas a condição é de não ficarem juntos logo. A espera desespera Orfeu. Ele é devorado.

A imortalidade on line não teria estes componentes mitológicos, não seria lição?

Jorge Luís Borges afirmava que queria ser esquecido completamente após a sua morte. Em entrevista declarou “todos, afinal de contas, seremos esquecidos, o que aliás é melhor”.

Após publicação de seus artigos combatendo a ditadura argentina, foi ameaçado de aniquilamento. Borges respondeu aos militares: “o que mais vocês podem me ameaçar senão com a morte?”

Sinto que a vida é um presente de Deus, como tal, devemos agradecer, preservando-a, pensando e agindo bem, vivendo intensamente, comovidamente. Parodiando Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena porque a alma não é pequena”. E é imortal.



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

HOSPITAL DE LIVROS





Na cidade de Ponta Grossa, Paraná, os juízes reduzem pena de condenados desde que se dediquem a restauração de livros estragados, além de leitura dos mesmos e comentário à respeito. Os presidiários já trabalharam 800 livros., sempre com orientação de bibliotecários e restauradores. Redução de quatro dias para cada livro. Uma boa ideia que pode ser ampliada, inclusive seria uma maravilha se utilizada para recuperação da Biblioteca Câmara Cascudo. Fica a sugestão.


DCL





DCL: TEMPOS NOVOS








quinta-feira, 3 de novembro de 2016

DATA ESPECIAL




No dia 03 de novembro de 1507, o mestre Leonardo da Vinci foi contratado para pintar a "Mona Lisa".




terça-feira, 1 de novembro de 2016

HAICAIS de DCL





REFLEXÃO

No cais da cidade:
A vida é só partida
Pra eternidade.


INDEFINIDO

Esse barco perplexo
Se inunda e afunda
Inteiro e reflexo.


TRAPISTA

Pela paz do convento
Suave vão as nuvens
Levadas pelo vento.


SÓIS

Esta menina
Faz sol ao sol
E o ilumina.


UM INSTANTE

O amor é quando
A luz do crepúsculo
Cria pássaros voando.


O ASTRÔNOMO

Meditação ao vê-los:
Maior a mão do criador
A semear estrelas.


DESCENDÊNCIA

À baleia não importa
O cio do aquário
Gera outra prisão à orca.




FRASE DO DIA




A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.

CHARLES CHAPLIN




ABOIO




Ah como é triste o aboio
Ah como é triste o canto.


HENRIQUE CASTRICIANO




OS SINOS E A CASA BRANCA





Dois símbolos dos Estados Unidos estão unidos definitivamente. A Casa Branca, símbolo sede do poder e o Liberty Bell. Esse Sino da Liberdade inspirou o toque do Sino da Igualdade. O primeiro, da Filadélfia (1752), faz tríplice celebração: A Abolição da escravatura, a Revolução Americana e a Declaração da Independência. O outro soou recentemente em um museu do negro, pertinho da Casa Branca (ironia?).

Em Roma, antigos sinos tocavam para convocar o povo a interesses maiores. O cristianismo adotou o sino que passou a "voz de Deus”, universalizando o seu uso. Sino lembra conciliação, paz, solidariedade, entendimento, sobretudo elevação da espiritualidade.

Agora, a cultura negra exibe o desejo de ser reconhecida e respeitada. Tem razões históricas.

A humanidade deve à África a sua origem. Mais: a dívida contraída por europeus e americanos em séculos de exploração, saques de suas riquezas, extrema violência contra seu povo, desprezo aos direitos humanos mais sagrados. A violência e discriminação já foram maiores.

Nos EUA, pontuais surtos de policiais brancos matando negros desarmados fazem reviver tristezas e tragédias passadas como perpetraram os terroristas da KU KLUX KAN. Os linchamentos raciais aconteceram como em Elaine, Arkansas, onde em 1919, foram massacradas 237 pessoas. E ninguém foi preso, nem condenado.

Enquanto isso, a África continua a motivar o mundo por sua diversidade biológica, fauna e flora tropical, desertos, engenho e arte de sua gente.

A paisagem singular é transformada em cenário de beleza e pujança para deleite de povos afastados. Aves e peixes, bichos encantam as telas; a plástica pose dos elefantes e leões, a elasticidade veloz dos leopardos, zebras em preto e branco, os sociais gnus, e outros antílopes, em fuga. Beneficiam estrangeiros o tesouro mineral, diamantes e ouro; Energético, petróleo e gás, na agricultura, as plantations.

De outro lado, a habilidade, o talento e a criatividade africana são emprestadas sem retorno ou reconhecimento. Quando em 1936, nas Olimpíadas de Berlim, o atleta negro Jesse Owens venceu a corrida, desmoralizando a “superioridade” ariana, não foi, obviamente, cumprimentado por Hitler. Inexplicável foi não receber os cumprimentos do presidente Roosevelt.

Ícones dos direitos civis, o pastor Martin Luther King e o escritor Malcolm X foram, igualmente, assassinados.

Diversamente, compositores e intérpretes norte-americanos colhem raízes da África à sua música: Jazz, Blues, Soul, Rock and Roll e mais modernamente o Rap e o Hip-Hop.

Da mesma forma, a Europa busca lá a fonte de renovação para a pintura e a escultura, sem a motivação africana seria menos significativa e revolucionária a arte de Picasso, Matisse, Cézanne, Gauguin ou Paul Klee.

Em razão de tudo isso, o presidente Barack Obama (mulato para nós, negro nos EUA) inaugurou o monumental National Museum of African American History and Culture, pertinho da Casa Branca. Não houve fita simbólica, mas um toque de sino, que foi reproduzido em Washington e em igrejas de todo o País. O prédio, projetado por arquiteto da Tanzânia, custou 540 milhões de dólares, metade por doações. São pirâmides cortadas, invertidas e superpostas. Fazem lembrar o Memorial JK de Oscar Niemeyer. Presentes à solenidade inaugural figuras emblemáticas como Steve Wonder, Robert de Niro, Oprah Winfrey (que doou U$$ 25 milhões), o ex-presidente republicano Bush, Michele e Obama (descendente da escrava Melvina “objeto” de testamento em 1850).

São expostos 3.000 peças memoráveis, testemunhos eloquentes do sofrimento do povo negro e de êxitos de seus descendentes. Você verá um violino de escravo que tocava para divertir convidados brancos (Fabião das queimadas dos States?). Um recibo de venda de Polly, uma mocinha de 16 anos em 1835. Encontrará um vagão de trem que até 1918 destinava-se a transportar negros. O sino da inauguração, Sino da Igualdade, veio de uma igreja Batista da Virgínia, reservada a escravos.

O presidente Obama emocionou ao assegurar: “nós não somos um fardo aos americanos, nós somos a América”.

Certamente, esse Museu ajudará muitos a refletir, tomar ciência e consciência. Quando os devedores resgatarão a dívida com a África negra e com os afrodescendentes?

Essa dívida somente será quitada quando todos respeitarmos a dignidade da vida de todos e entendermos que pertencemos a uma única raça, a raça humana.