terça-feira, 24 de março de 2020

TRÊS VEZES MARIO VARGAS LLOSA





"A literatura não é algo que nos faça felizes, mas ajuda-nos a defendermo-nos da infelicidade.“

“A incerteza é uma margarida cujas pétalas nunca acabam de desfolhar.”

"A memória é uma armadilha, pura e simples, que altera, e subtilmente reorganiza o passado, por forma a encaixar-se no presente."


MARIO VARGAS LLOSA
Escritor, ensaísta, jornalista e político peruano. 
Vencedor do Nobel de Literatura de 2010.





GATOS NA LITERATURA








terça-feira, 17 de março de 2020

UM HOMEM CHAMADO PEDRO MOURA





eu vi minha mãe rezando aos pés da ave maria, era uma santa escutando o que outra santa dizia... era assim... eu vim destes gestos... a minha infância foi dourada... e deu ouro 21? minha fé ainda permanece até hoje...

fui coroinha.... ajudava as missas...era amigo do pároco da minha cidade, monsenhor pedro moura... convivi com um santo....

muitos não gostavam do padre pedro porque ele era tímido, fechado, caminhava lendo um livro...e isto no interior tem uma resultante : é pra não falar com o povo....

quando meu avô morreu, celestino pimentel, padre pedro foi transferido... eu lhe disse na sacristia: senti muito mais a sua transferência do que a morte do meu avô...ele achou genial o que o garoto de dez anos dissera é mandava eu repetir para os seus.

padre pedro lutava pela cidade de nova cruz....fez o hospital...fez uma maternidade... e fez o bairro de santa maria gorethe, o catolé, onde passou a residir...

de 15 em 16 dias íamos celebrar em serra de são bento....ele dirigia a kombi, e ao lado a irmã yvonete? e eu o acólito.... ivonete depois foi minha aluna no curso hipócrates, já a esposa do sr pedro moura....

o padre pedro carregava a sua cruz: era filho de um cego, seu gonçalo, que assistia a missa do filho em cadeira especial com genuflexor... sempre com um palito marrom....

na época da revolução , era sábado, e chegou um coronel do exercito pra uma fiscalização.... a tese era que estava p havendo desvio de verbas, destina das a construção do hospital de nova cruz...

sábado, meio dia, adentra a construção o imponente coronel....encontra um servente de pedreiro e um andaime, onde um homem de calção segurava uma colher de pedreiro e sentava tijolos.... o coronel entra como quem chega estabanado e pergunta:@estou procirando o monsenhor pedro moura...vocês conhecem?

o monsenhor pedro moura suspende o assentamento de tijolos e de cima do andaime responde: sou eu....em que posso servi-lo? o coronel paralisa.... assume todos os espectros de cores e grita: meus parabéns monsenhor pedro moura... ah se todos fossem iguais ao senhor...

monsenhor pedro moura tem de se perpetuar na história de nova cruz...



BERNARDO CELESTINO PIMENTEL





MONTEIRO LOBATO E AS CRIANÇAS





“Ouvindo ou lendo as histórias de Monteiro Lobato as crianças do Brasil 
aprenderam a ser brasileiras.”


EDUARDO GALEANO






SOBRE MURILO MELO FILHO





Do professor Ezequias Pegado Cortez sobre seu cunhado Murilo Mello Filho:


Uma minuta, Diógenes, saindo d’alma, a verdadeira.

Conheci Murilo em junho de 1966, quando o visitei no apartamento em que morava, nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro.

Fiz essa visita em razão de pedido da minha  namorada e depois mulher, mãe dos meus filhos e avó dos meus netos, Ana Emilia.

Tinha  21  e ele 38 anos.

Já então era um profissional vitorioso no jornalismo nacional, um verdadeiro self-made-man neste campo de trabalho árduo e intelectual.  Um marco nessa elite.

Recebeu-me na sala do seu apartamento, com a mulher Norma e, lembro bem, seu último filho Sérgio, ainda bem pequeno.

Os demais filhos, Nelson e Fátima, falaram comigo de passagem e foram para os aposentei internos.

Sabia que estava tendo o privilégio de conhecer um homem brilhante e inteligente, padrinho e irmão mais velho da minha namorada havia 3 anos, amor que se mantinha por cartas diárias, sem telefone e muito menos internet!!!

Norma viu minha tensão e fez tudo para que relaxasse, falava e perguntava sobre Vacaria/RS, onde fui tomar posse em 1965  e trabalhar por uns anos no Banco do Brasil.

Murilo, na sala de visitas, manteve-se de pé e falou muito pouco, calado a sua maneira, mas me analisava e me parecia entrar n”alma, no meu modo de pensar, no meu estilo de ser e nos meus valores...

Encontro marcante aquele. Um dos mais da minha vida.

Passaram os anos e fui transferido para Mossoró/RN, a pedido, porque precisava continuar o curso de economia, que havia começado na UFRN e trancado a matrícula na Universidade de Caxias do Sul/RS, onde cheguei a terminar o 1° ano do curso, cobrindo a distância de 111 km todas as noites.

E vem o ano de 1968 e os conflitos ideológicos quentes no Brasil de então.

Ele, a pedido de sua mãe, minha querida sogra Hermínia, consegue aprovar o meu pedido de remoção de Mossoró para Natal, onde me tornei economista pela UFRN,  fato que me comunicou com o seguinte telegrama:
“Esequias, o Presidente Néstor Jost, do Banco do Brasil, acabou de me dizer    que você vai passar o Natal em Natal. Abraço. Murilo”

Isto foi em 22.12.1968 e ele nunca mais havia tido nenhuma palavra comigo, escrita ou falada.

Tenho certeza que me tirou, na hora certa, de um ambiente de muita tensão ideológica  em que vivia e pouco notava...
Agradeço-o até hoje e vou fazê-lo sempre.

Depois, com o passar dos anos, convivendo familiarmente e vendo cada vez mais o seu valor, tive a honra de presenciar muitas das suas vitórias, entre as quais ser Imortal da Academia Brasileira de Letras, depois de sê-lo também da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

É um homem que gosta de viver, todavia tem a consciência do nosso fim e me dizia vez em quando, com um ar de riso,  ao seu estilo: “elegeram-me imortal porém não imorrivel. Infelizmente”.

Uns anos atrás me chamou para ser seu advogado no Rio e São Paulo. Tratou-me com absoluta confiança e procurei dar-lhe o máximo da minha capacidade, porque jamais esqueci o que me fez.

Murilo, você foi, é e sua vida continuará ser um exemplo para mim.





quarta-feira, 11 de março de 2020

CONVITE DE LÚCIO TEIXEIRA






Faz gosto a qualquer pessoa de bem ter amizade com Lúcio Teixeira. Ele é formidável. A nossa amizade vai além do compadrio, além do reconhecimento de suas virtudes. Ele é em tempo integral e dedicação exclusiva, um cidadão verdadeiro. Como advogado, professor, diretor de ensino superior, presidente da Academia de Letras Jurídicas do RN. Exerce uma liderança amena e amiga. Constitui uma família de quem tem muito do que se orgulhar.

Como dirigente universitário, ele teve todas as condições de se tornar reitor, mas a sua natural humildade, ou seu jeito de ser, de não se propor, talvez o tenha impedido. Na nossa permanência na UFRN, percebi que problema sobre a responsabilidade de Lúcio não era problema, era assunto resolvido. De fato, ele encontra soluções inteligentes e inesperadas que satisfazem.

Além das relembranças, dos fatos pretéritos, que ele traz, por isso as memórias, Lúcio é absolutamente singular por ter uma memória seletiva, fiel e exata. Escrever não é só libertar a alma dos fantasmas, é também tornar o texto iluminado. E ele sabe fazer. Por isso, o caminho do escritor é complexo, e como dizia Lao Tsé: “Um caminho de 100 léguas começa com o primeiro passo”. Pode-se dizer também que há doces e doces. Da mesma forma que há memórias e memórias. As de Lúcio Teixeira são de confeitaria fina. A massa é leve, o açúcar na medida certa, o sabor de deixar saudade na boca. Como na culinária, a literatura é questão de acertar o ponto.  E ele acertou com maestria.

Recuperando lembranças e fatos, Lúcio – (eu li no Google!) é o luminoso, nascido como a manhã - abriu o baú do passado para transformá-lo num livro que registra a sua singela e profunda relação de amor com a vida e os seres humanos. Desde as origens. Ama a sua terra, Lages, onde nasceu. Relembrando, é um bom poeta, simples e objetivo, cristalino, capaz de estabelecer novos rumos.

Um livro de memória é empreitada caprichosa. Várias histórias reunidas em um só espaço. A expectativa do leitor é encontrar unidade e diversidade. Pois o autor deste livro, cheio de recursos, consegue que a gente enxergue a unidade – personagens flagradas em altas doses de sua humanidade,  sem que a leitura canse. Quando a gente menos espera, o memorialista diversifica. Muda de tema, tom, tratamento. Ele vai abrindo janelas. A sua linguagem tem força e dá um sabor especial às histórias. Abre um leque para mostrar o momento de vida de seres que vivem e lutam no teatro do cotidiano. Alguns episódios conseguem cenários marcantes, quase fotografam locais com palavras.

Ariano Suassuna afirmou: “Não existe diferença entre a literatura e a vida. A literatura foi o caminho que eu encontrei para enfrentar essa bela tarefa de viver”. As histórias deste livro vão sensibilizar os leitores. São momentos especiais vivenciados pelo autor. É o universo do cotidiano levado para o mundo da literatura. O leitor não vai achar textos metafóricos, mas textos que revelam um olhar penetrante, às vezes telúrico, sobre os acontecimentos.

Nesta oportunidade, Lúcio Teixeira dá mais um passo na estrada literária e entra no mundo da memória mostrando que pode criar o seu próprio estilo, longe das modas literárias que chegam e passam. Ele nos leva pelo seu universo mostrando-nos acontecimentos da vida: os avanços, as dúvidas, os medos, a coragem, a vida familiar. O mundo mental se enlaça vigorosamente com o mundo real. Ele retrata comportamentos humanos.  Porém o melhor de tudo, a fonte de prazer do livro, é a mente aberta do escritor. Trata-se de um olhar sensível. Olhar em questão presente em todo o livro.

O livro nos emociona graças à linguagem de revelação. Não se furta a temas fortes. Mas tudo é narrado do jeito que a vida é, isto é, com porcentagens de dureza e de ternura. Leitura que perdura nas esquinas da memória. A narrativa traz histórias que pairavam no imaginário de Lúcio e que podem também fazer parte do imaginário dos leitores. Esta é a tarefa da literatura: a criação de universos paralelos. Uma tarefa que o escritor realiza imprimindo o seu próprio estilo com grande categoria.


DIOGENES DA CUNHA LIMA