sexta-feira, 24 de junho de 2022

O PASSEIO do PEQUENO PRÍNCIPE

 


Na quinta (23), Sylvia Serejo e João Paulo Lima apresentaram o projeto O Passeio do Pequeno Príncipe. Trata-se e um roteiro turístico-cultural inspirado na possível viagem do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry para Natal. A ideia é associar pontos de visitação a trechos do livro que podem ter sido inspirados na capital potiguar, alimentando uma grande cadeia de economia criativa. Diogenes da Cunha Lima participou do evento.







TASSOS LYCURGO no BAOBÁ CULTURAL

 


Pastor, advogado e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Tassos Lycurgo foi entrevistado por Diogenes da Cunha Lima no programa “Baobá Cultural”, na TV Futuro.






FOGUEIRA de SÃO JOÃO

 


No castiçal da saudade
eu guardo a recordação
das brincadeiras de roda
na fogueira de São João.
 
Com milho assado e canjica,
fogo de roda e balão,
vai passando uma e vem outra
fogueirinha de São João.
 
Cantando criô-lá-lá
e anel de mão em mão,
moça e rapaz se amando
na fogueira de São João.
 
As estrelas lá no céu,
piscando, olham este chão,
se assemelham às fogueiras
das noitadas de São João.
 
A juventude passada
fazia adivinhação
com faca na bananeira,
na fogueira de São João.
 
Até mesmo o vaga-lume
com seu bonito clarão
também vinha admirar
as noitadas de São João.
 
Na fogueira de São João
se fazia a brincadeira
das cantarolas de roda
com ciranda... a noite inteira!
 
Cantando Vestido Branco
e anel de mão em mão.
Oh! Meu Deus como era bom
As festas do meu sertão.
 
Enchia-se bacia d’água,
pegava agulha e carvão,
dizia-se os nomes das moças
bonitas do meu sertão.
 
Um tiquinho das comidas
sempre guardava... um bocado
botava em baixo da rede,
sempre sonhava acordado.
 
A fogueira incendiava,
ficava aquele brasão,
pisava e não me queimava,
tinha fé em meu São João.
 
Da minha infância querida
só tenho a recordação
das noites iluminadas
com fogueiras no sertão.
 
As tochas das mariposas
causavam admiração...
Lá no céu também faziam
fogueiras de meu São João.
 
Chuva de ouro e de prata,
cara dura com balão...
Nas festas mais animadas
brincavam com foguetão.
 
Na fogueira de São Pedro
voltava a competição
de compadres e comadres,
como se fosse o São João.
 
Lá no clarão da fogueira
se brincava de limão,
de prendas e de berlinda,
também anel de cordão.
 
Cantava-se assim:
- O limão que anda na roda,
andando de mão em mão,
lesa o menino, lesa
o pobre do bestalhão.

NILSON de BRITO 
(1929 - 2019)



terça-feira, 21 de junho de 2022

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO

 


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
 
RICARDO REIS 
(FERNANDO PESSOA)






terça-feira, 14 de junho de 2022

DEIJAIR e a MÚSICA

 


Acabamos de perder a pianista e professora de música Deijair Henrique Borges, que se encantou domingo, dia 05.  Diretora da Escola de Música da UFRN, diretora da Instituto de Música Waldemar de Almeida (Fundação José Augusto), diretora da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. Dirigiu, também, o Solar Bela Vista. Toda uma vida voltada para a música e por esses caminhos valorizando o músico da terra (lembrar o seu “Projeto Memória”, quando diretora da Escola de Música da UFRN). Foi  a criadora do famoso Regional Sonoro, referência na música potiguar. Sua obra será inesquecível.
 
Em outubro de 2017 este Jornal de WM dedicou boa parte de seu espaço ao “Projeto Memória”, criado e dirigido por Deijair. Saiu de uma remexida pelas gavetas dos papéis desarrumados onde fui encontrar cartas de Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Afonso Arinos e Murilo Melo Filho dirigidas a Deijair, todos aplaudindo o trabalho de nossa querida professora à frente da Escola de Música da UFRN. Em homenagem  a memória de minha querida amiga, transcrevo a coluna de 01 de outubro de 2017, que tem o título de “Projeto Memória”:
 
“Na gaveta dos papéis desarrumados encontro um envelopão, já com as marcas do tempo, guardando lá dentro quatro cartas preciosas que tratam do mesmo mote: o “Projeto Memória” desenvolvido pela Escola de Música da UFRN quando da administração da pianista e professora Deijair Henrique Borges, aí pelos meados dos anos de 1980. O time dos missivistas dá de 7 a 1 na Alemanha: Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Afonso Arinos, Murilo Melo Filho. As cartas são cópias de originais que me foram repassadas, faz tempo, por Deijair, minha querida amiga. Apenas uma manuscrita, a de Drummond. Outro detalhe: a carta de Pedro Nava foi datilografada em papel tendo como timbre o famoso relógio da Glória, bairro onde o grande escritor morava no Rio de Janeiro.
 
A carta de Drummond está escrita em meia folha timbrada com o seu nome completo: Carlos Drummond de Andrade. Já Murilo Melo Filho usou o papel com o timbre da revista Manchete. Todas as quatro cartas foram escritas no mesmo mês de julho de 1983, diferença curta entre os dias, parecendo até coisa combinada entre eles. Começo essa história transcrevendo a carta de Drummond, letra firme, redondinha, poética:
 
“Rio de Janeiro, 17 de julho, 1983
 
Prezada Professora Deijair Henrique Borges:
 
Que presente régio, a série de LPs do Projeto Memória, da UFRN! Fiquei deslumbrado com esse trabalho admirável, que atesta de maneira cabal a musicalidade da gente rio-grandense-do-norte, tanto na área popular como na erudita, repassando por Oriano de Almeida, que eu conheço pessoalmente e que muito admiro. Estou ‘curtindo’ os discos no meu escritório, aos poucos, como se deve saborear um vinho de qualidade. E agradeço-lhe de coração a ideia gentil de oferecer-me esse conjunto de excelente realização técnica.
 
O abraço e a admiração de Carlos Drummond de Andrade”.
 
A CARTA de PEDRO NAVA
 
Nava, dos nossos maiores memorialistas, autor de uma obra monumental em 6 volumes (“Baú de Ossos”, “Balão Cativo”, “Chão de Ferro”, “Beira-Mar”, “Galo-das-Trevas” e “Círio Perfeito”) já havia prestado anteriormente uma homenagem às letras do Rio Grande do Norte. Um poema de Nei Leandro de Castro, “Lendo Pedro Nava”, está incluído na edição de “Beira-Mar”. Em “O Círio Perfeito” foi a vez de Luís Carlos Guimarães com “Naveana do Galo-das-Trevas”. Vejamos a carta de Pedro Nava:
 
“Rio de Janeiro, 12 de julho de 1983
 
Prezada Diretora Deijair Henrique Borges,
 
Recebi ontem e já me dei o prazer de ouvir alguns dos discos tão bondosamente oferecidos. Muito bons e meus parabéns pela tão bela realização de “memória” que vem sendo feita no Rio Grande do Norte, pela sua música. Que beleza se todas as nossas Universidades e Escolas de Música fizessem o mesmo para seus Estados.
 
Estou incluindo um bilhete de agradecimento ao Prof. Diógenes da Cunha Lima, de quem ignoro o endereço. Abuso de sua bondade e mando-o aos seus cuidados.  Queira receber com meus agradecimentos, as expressões de minha afetuosa simpatia. Seu muito grato. Pedro Nava”.
 
A CARTA de AFONSO ARINOS
 
A terceira carta é de outro grande escritor mineiro, Afonso Arinos de Melo Franco, historiador, crítico literário, memorialista com M grande, imortal da Academia Brasileira de Letras e também político. Vários mandatos de deputado federal e senador. Ministro de Estado. Sua carta tem feitio de ofício:
 
“Rio de Janeiro, 14 de julho de 1983
 
Exma. Sra.
 
D. Deijair Henrique Borges
 
M.D Diretora da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 
Prezada Diretora,
 
Tenho a agradecer-lhe a gentil oferta de discos com gravações musicais de compositores desse Estado, que acabo de receber. Alegrou-me sobremodo tomar conhecimento da elogiável e patriótica iniciativa dessa Universidade, que preserva e divulga os valores culturais da terra e, assim, contribui para revelar e incentivar o desenvolvimento de novos talentos.
 
Está, pois, de parabéns, a UFRN e, em especial, a Escola de Música sob a competente direção de V.Exa. Rogo-lhe transmitir ao caro amigo Prof. Diógenes da Cunha Lima minhas palavras de sincero agradecimento.
 
Aceite, prezada senhora, as saudações mais respeitosas de Afonso Arinos.”
 
A CARTA de MURILINHO
 
A carta de Murilo Melo Filho, grande jornalista, natalense nascido na Ribeira, também imortal da ABL, está escrita assim:
 
“Rio, 12 de julho de 1983
 
Professora Deijair:
 
Fiquei emocionado e feliz ao receber a coleção de discos que teve a gentileza de enviar-me. É uma felicidade poder escutar a música da terra natal, em excelentes produções.
 
Peço-lhe transmitir aos companheiros de trabalho as minhas sinceras congratulações pela excelente obra que estão realizando. Felicidades para todos. Prossigam. Cordialmente, Murilo Melo Filho.
 
P.S.- Registrei na seção “EXPRESSAS”, da Manchete o lançamento de sua coleção. M.”
 

WODEN MADRUGA






AFORISMO de DCL

 


A VERDADE
 
Entre os seres humanos, a verdade é a mais perfeita de suas ficções.
 



quarta-feira, 8 de junho de 2022

A CORAGEM


 

“Se você perder bens, perde muito. Se perder um amigo, perde mais. 
Mas se perder a coragem, perde tudo.”
 
MIGUEL de CERVANTES




O BAOBÁ e suas RAÍZES


 

A poesia são suas raízes
que   nascem bem no âmago da terra
e cada verso que o poema encerra
traz pela cor das flores os matizes.
E o poema desdiz as cicatrizes.         
Se o coração então enche-se de guerras
talvez dispostas sob alguns deslizes
quando se toma várias diretrizes
ou se no canto a língua fala e berra.
Isso se faz nas raízes dos versos
pela árvore maior do universo
que do poeta é a autoestima.
Quando o poeta é também tão grande
o baobá cultural logo se expande
e tem nome Diogenes Cunha Lima
 
FERNANDO CUNHA LIMA
para meu mestre e guru.




quinta-feira, 2 de junho de 2022

O SERTÃO de OSWALDO LAMARTINE

 

A obra do maior estudioso do sertão em território potiguar está finalmente reunida: a coleção “O Sertão de Oswaldo Lamartine”. A publicação faz parte das comemorações dos 60 anos da Editora da UFRN e consiste na reedição de um conjunto de livros em cinco volumes, nos quais Oswaldo Lamartine de Faria (1919 - 2007) destrincha com erudição, objetividade e sensibilidade, os hábitos, costumes e tradições do velho mundo sertanejo.
 
A coleção traz as belas capas e ilustrações feitas por Newton Navarro, acrescida de textos de outros mestres sobre a importância de Lamartine, como Rachel de Queiroz e Ariano Suassuna. Obra embasada, profunda e ao mesmo tempo sentimental sobre os interiores nordestinos. Os costumes, as tradições, a geografia, vestuário, alimentação, o modo de vida: tudo que identifica o sertanejo foi estudado por Lamartine.
 
No primeiro volume da coleção, Oswaldo Lamartine escreveu sobre a caça nos sertões do Seridó; algumas abelhas do sertão do Seridó: notas de carregação; e conservação de alimentos nos sertões do Seridó. No volume dois da coleção, o escritor discorre sobre o “ABC” da pescaria nos açudes do Seridó, e os açudes dos sertões do Seridó.
 
O terceiro volume traz Lamartine destrinchando informações sobre encouraçamento e arreios do vaqueiro do Seridó; ferro de ribeiras do Rio Grande do Norte; e apontamentos sobre a faca de ponta. No volume quatro, o assunto é o vocabulário do criatório (de gado) norte-rio-grandense. E no quinto volume, além dos discursos da solenidade de Honoris Causa, traz o texto sobre os alpendres do Acauã – sua fazenda favorita, em Acari.



A PONTE de IGAPÓ


 

Engenheiro civil e pesquisador Manoel Fernandes de Negreiros Neto lança livro sobre a história da obra memorável construída por brasileiros, ingleses e um francês. Se hoje a Ponte de Igapó é sucata na paisagem, ela foi no passado fundamental para o desenvolvimento de Natal. Como se escreveu na época, uma ponte feita para durar.
 
O autor começa seu livro mostrando o quanto a Ponte de Igapó foi majestosa e funcional nas décadas de 20, 30, 40 até 1970. Toda a estrutura foi construída entre 1912 e 1914, e a inauguração correu em 1916. O livro apresenta muitas ilustrações, inclusive detalhes do projeto, edição de Marcelo Mariz e prefácio de Vicente Serejo.