quarta-feira, 28 de julho de 2021
APRENDIZ E ADMIRADOR
TANKAS DE RAIMUNDO GADELHA
ADIVINHA QUANTO EU TE AMO
Quando eu era professora
de crianças, na época do dia dos pais, eu gostava de ler para meus alunos a
obra infantil “Adivinha quanto eu te amo” em que um coelhinho se esforça para
mostrar o tamanho do amor pelo seu pai e vice versa, numa linda brincadeira. E
a história não tem fim, assim como o amor.
Hoje, como aquele
coelhinho, que procura algo maior que o comprimento dos seus braços para
dimensionar o tamanho do que sente, quero mostrar para aquele por quem sempre
fui aPAIxonada a intensidade de algo que ultrapassa todos os limites. Inclusive
o das palavras. Já perdi as contas de quantos textos e declarações fiz para
descrever o que sinto. Mas amar não é palavra solta. É verbo. É ação. E foi
seguindo as conjugações que faço também declarações em gestos. Gestos que
querem mostrar, na prática, que as suas muitas lições foram apreendidas. Muitos
decisões, sobre a minha própria vida,
são declarações de amor: uma possibilidade para que você senta orgulho de eu
ter me tornado uma pessoa que você admira. Seu amor não foi só em versos, e sim
em princípios de vida inegociáveis, que guiam minhas atitudes. Pergunto-me até hoje se o faz feliz essa ou
aquela escolha a fazer.
Insisto para me aproximar
de sua generosidade, equilíbrio, firmeza. Confesso que não é tarefa fácil. O
aniversariante é lição diária. Rejuvenesce a cada dia que passa, contrariando o
curso natural da vida. Conversa com seus netos como se fossem da sua geração.
Tem sempre uma perspectiva positiva das situações, mesmo quando determinado
fato insiste em afastá-lo do otimismo que lhe é peculiar.
E assim como o coelhinho
que, sem conhecer muito das métricas, diz que que ama até a Lua, antes de
adormecer em seu peito do seu pai, quero agora, papai, sentido o calor do seu
abraço (o amor tem dessas coisas), dizer que te amo até a maior distância que
possa existir. Indo e voltando.
segunda-feira, 26 de julho de 2021
PARABÉNS, PROFESSOR DIOGENES!
O
mestre-poeta Diogenes da Cunha Lima celebra 84 anos! Na aventura da vida, ele
nos desafia a mergulhar no oceano denso do conhecimento. De sorriso cúmplice,
vasto, nos faz acreditar na generosidade, na fraternidade, na importância de
ser gente. Com gratidão e cumplicidade, ao Professor minha lealdade e afeição. Vida
longa, mestre!
ANTONIO
NAHUD
Ilustração:
LARA MEINTJES
DIA DO ESCRITOR
Foto: a escritora belga MARGUERITE YOURCENAR (1903 – 1987)
terça-feira, 20 de julho de 2021
segunda-feira, 19 de julho de 2021
INTERPRETANDO A VIDA
“Limito-me a interpretar a vida como ela me aparece e
o mais diretamente possível. E não se vive com os olhos abertos, vive-se
cegamente. A minha convicção de que a personalidade é múltipla não é uma
conclusão — é uma constatação.”
segunda-feira, 12 de julho de 2021
SOB A LUZ DE UM HOMEM SANTO
VÍCIOS E VIRTUDES - CONTOS DA VIDA
terça-feira, 6 de julho de 2021
CENTENÁRIO DE VERÍSSIMO DE MELO
Prefiro relembrar Veríssimo de Melo, com alegria e humor,
narrando poucas e boas de sua passagem por este mundo. Folclorista, jornalista,
articulista, pesquisador, humanista, uma inteligência e um estilo literário que
guardava uma inconfundível leveza clássica. Lembro-me que sua morte repentina surpreendeu a todos nós. Silenciou de
madrugada como um passarinho que se cala ao fim do seu bem voado e bem cantado
dia. E Vivi sempre me revelava uma fragilidade de bem-te-vi. Tinha medo de
viajar de avião e da morte. Mas morreu em paz. Falou-me, certa vez, que nunca
vira assombração mas gostaria de ver. Era o folclorista se sobrepondo ao
sensível, ao visível.
É sempre bom
recordar com saudade e carinho a figura de Veríssimo de Melo, escritor,
ex-presidente do Conselho Estadual de Cultura e boêmio nas horas profundas da
noite natalense. Certa vez, a demora em retornar, preocupou D. Noêmia, sua
esposa. Já passava das duas da madrugada e nada de Vivi. De repente, entrando
de fininho, com aquela compleição esguia que Cascudo definiu que "dava
para se esconder atrás de um I", foi surpreendido em cima do lance:
"Veríssimo, tenha vergonha, a essa hora!!". "Como a essa
hora", respondeu Vivi, "eu vim buscar o violão!".
Diógenes da
Cunha Lima foi amigo e escreveu um livro sobre Veríssimo de Melo. Foi ele que
me passou mais essa. Veríssimo e D. Noêmia formavam um casal exemplar. As
pequenas discordâncias dos dois revelavam apenas o temperamento brincalhão e
extrovertido dele. Há um certo tempo, o programa Fantástico exibia um quadro
semanal sobre medicina, suas curiosidades e tratamentos. A matéria era sobre
varizes. D. Noêmia assistia ao lado de Veríssimo completamente distraído.
Impressionada com o relato, ela alisou as pernas e comentou: "Veríssimo,
preciso ir ao dr. Jamil. Acho que essas varizes estão acentuadas". Vivi
retruca com a ironia doméstica de marido crítico e intelectual: "Noêmia,
se você tratar tudo o que acha que tem assim você não vai morrer nunca".
Paraninfo de
todas as turmas da UFRN, o professor Veríssimo de Melo discursava solene e
fagueiro na colação de grau no Campus, quando percebeu que recebia palmas
enfadonhas e fastidiosas dos seus afilhados. Saiu um pouco do
escrito e anunciou peremptório que havia preparado uma agradável
surpresa naquela noite, fato esse que
significaria para ele também, um momento de grande alegria.
E foi passando uma a uma as páginas do seu discurso até
a lauda final, quando proferiu, sorridente e olímpico,
com os braços erguidos em triunfo: "Tenho dito". As
palmas retumbaram profusas.
Veríssimo de
Melo foi lembrado, certa vez, no Conselho Estadual de Cultura pelo poeta Diógenes da Cunha Lima. Narrou
várias de suas histórias hilárias, sublinhando duas que atestam o seu
temperamento brincalhão e criativo. Numa noite de autógrafos de um dos seus
livros, achava-se na fila o coronel Cleantho Homem de Siqueira. Na dedicatória,
Veríssimo foi mais gozador que nunca: “Ao coronel Cleantho, herói de Monte
Castelo e do restaurante Universitário, oferece Vivi”. Outro oferecimento
insólito com a marca registrada do escritor foi no exemplar dedicado ao poeta
Augusto Severo Neto que lhe fizera, tempos atrás, uma crítica literária. Inconformado, Veríssimo deu o trôco: “Para
Augusto Severo Neto, poeta que inventei e depois me arrependi, cordialmente,
Vivi”.
Salve Veríssimo
de Melo na celebração do seu centenário.
Nascimento: 09
de julho de 1921
Falecimento: 18
de agosto de 1996
VALÉRIO MESQUITA
segunda-feira, 5 de julho de 2021
sexta-feira, 2 de julho de 2021
A VIDA SEGUNDO CIRILO
Com um estilo repleto de sensibilidades, os contos de
João Paulo Cirilo são momentos de intimidade com o mais profundo. Coroados por
epígrafes de grandes escritores e poetas, desbrava emoções e questionamentos escritos
em linguagem cheia de sutis e complexas referências. Na sua maioria, avulta uma
problemática essencial: a busca de harmonia do indivíduo no seu confronto com o
Mundo.
Este é um excelente conjunto de histórias curtas. Recomendo.
São contos em que o homem deambula em busca de si próprio. Elegantes e coesos, alongam-se
no desenvolvimento para calmamente deixar correr o talento do autor. É abrir “O
Colecionador de Cadarços” ao acaso e verificar como Cirilo tem uma forma
privilegiada de narrar em poucas palavras.
CONSELHEIRO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
O Diário Oficial da União (DOU) de
terça-feira, dia 29 de junho de 2021, publicou portaria do Ministério do
Turismo com a relação dos novos membros do Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural, órgão colegiado que integra a estrutura do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Como um dos 13 representantes da
sociedade civil, a portaria designa o professor, escritor, poeta e advogado
Diógenes da Cunha Lima, tornando-se o primeiro potiguar a ocupar o cargo. O
mandato é de quatro anos e considerado prestação de serviço público relevante,
não remunerado.
Natural do Rio Grande do Norte (RN),
Diógenes da Cunha Lima já exerceu cargo de secretário de Educação e Cultura,
presidente do Conselho Estadual de Cultura e presidente da Fundação José
Augusto. Foi professor de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), instituição na qual também foi reitor. É autor de diversos
livros, dentre os quais estão “Câmara Cascudo – Um Brasileiro Feliz”, “O Homem
que Pintava Cavalos Azuis”, “Natal – Uma Nova Biografia” e “Memória das Águas”.
Atualmente, é presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL).
O Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para as questões relativas ao patrimônio
brasileiro material e imaterial. Responsável pelo exame, apreciação e decisões
relacionadas à proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, tais como o
tombamento de bens culturais de natureza material, o registro de bens culturais
imateriais, além de opinar sobre outras questões relevantes.
Desde a sessão inaugural, em 10 de
maio de 1938, o Conselho Consultivo tem como base para suas deliberações as
considerações de pensadores e intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, Manuel
Bandeira, Edgar Roquete Pinto e Afonso Arinos de Melo Franco. A marca das
decisões tem o empenho e dedicação de grandes personalidades brasileiras que
atuam, ou atuaram, na valorização e preservação do Patrimônio Cultural
Brasileiro.