quarta-feira, 28 de julho de 2021

APRENDIZ E ADMIRADOR

 


O poeta Manoel de Barros dizia que “A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.”
 
O poeta Diógenes da Cunha Lima, preenche várias dessas lacunas de incompletude que movem a humanidade com seus versos, seus gestos e suas atitudes que nos fazem exercitar a nossa sensibilidade de ser pensante e carente de emoções. Somos todos carentes de assistência emocional, mas nos reinventamos na presença do poeta que faz da vida um imenso baobá de amigos, de amizades sólidas e belas como a flor da xanana! Feliz vida professor, siga a nos ensinar como vivê-la!
 
Paulo Luciano Maia Marques
Aprendiz e admirador, sempre.




TANKAS DE RAIMUNDO GADELHA


 

Na flor do Bonsai
o pequeno beija-flor
vira gigante
O sol, quase sumindo,
torna tudo mais belo.
 
 
Bonsai é porto,
ponto de meditação
Parte do que sou
é mar de contemplação
No silêncio navego.
 
 
A flor do Bonsai
fez-me lembrar minha mãe
Com seus arranjos
enchia toda a casa
de cores e alegria.
 
 
 

ADIVINHA QUANTO EU TE AMO

 


Quando eu era professora de crianças, na época do dia dos pais, eu gostava de ler para meus alunos a obra infantil “Adivinha quanto eu te amo” em que um coelhinho se esforça para mostrar o tamanho do amor pelo seu pai e vice versa, numa linda brincadeira. E a história não tem fim, assim como o amor.

Hoje, como aquele coelhinho, que procura algo maior que o comprimento dos seus braços para dimensionar o tamanho do que sente, quero mostrar para aquele por quem sempre fui aPAIxonada a intensidade de algo que ultrapassa todos os limites. Inclusive o das palavras. Já perdi as contas de quantos textos e declarações fiz para descrever o que sinto. Mas amar não é palavra solta. É verbo. É ação. E foi seguindo as conjugações que faço também declarações em gestos. Gestos que querem mostrar, na prática, que as suas muitas lições foram apreendidas. Muitos decisões,  sobre a minha própria vida, são declarações de amor: uma possibilidade para que você senta orgulho de eu ter me tornado uma pessoa que você admira. Seu amor não foi só em versos, e sim em princípios de vida inegociáveis, que guiam minhas atitudes.  Pergunto-me até hoje se o faz feliz essa ou aquela escolha  a fazer.

Insisto para me aproximar de sua generosidade, equilíbrio, firmeza. Confesso que não é tarefa fácil. O aniversariante é lição diária. Rejuvenesce a cada dia que passa, contrariando o curso natural da vida. Conversa com seus netos como se fossem da sua geração. Tem sempre uma perspectiva positiva das situações, mesmo quando determinado fato insiste em afastá-lo do otimismo que lhe é peculiar.

E assim como o coelhinho que, sem conhecer muito das métricas, diz que que ama até a Lua, antes de adormecer em seu peito do seu pai, quero agora, papai, sentido o calor do seu abraço (o amor tem dessas coisas), dizer que te amo até a maior distância que possa existir. Indo e voltando.




segunda-feira, 26 de julho de 2021

PARABÉNS, PROFESSOR DIOGENES!

 

O mestre-poeta Diogenes da Cunha Lima celebra 84 anos! Na aventura da vida, ele nos desafia a mergulhar no oceano denso do conhecimento. De sorriso cúmplice, vasto, nos faz acreditar na generosidade, na fraternidade, na importância de ser gente. Com gratidão e cumplicidade, ao Professor minha lealdade e afeição. Vida longa, mestre!

 

ANTONIO NAHUD

 

Ilustração: LARA MEINTJES




LEILA LIMA CELEBRA DCL

 



DE KARENINA PARA DCL, COM AMOR

 


















DIA DO ESCRITOR



26 / 07: DIA do ESCRITOR!
 
Escrever não é fácil nem consensual. Todo escritor é uma espécie de criatura misteriosa. Alguém que vive em outro planeta. Pelo fulgor do texto, pela existência densa, pelo desafio da escrita que combate a ignorância, parabéns a TODOS os ESCRITORES.
 
Foto: a escritora belga MARGUERITE YOURCENAR (1903 – 1987)




A EXPANSÃO DO AFETO

 




segunda-feira, 19 de julho de 2021

INTERPRETANDO A VIDA



“Limito-me a interpretar a vida como ela me aparece e o mais diretamente possível. E não se vive com os olhos abertos, vive-se cegamente. A minha convicção de que a personalidade é múltipla não é uma conclusão — é uma constatação.”
 

LUIGI PIRANDELLO
(Agrigento, Itália. 1967 – 1936)




OS ESCRITORES LEEM

Pablo Neruda


Mário Quintana



João Ubaldo Ribeiro



José Saramago



Carlos Drummond de Andrade





segunda-feira, 12 de julho de 2021

SOB A LUZ DE UM HOMEM SANTO


 

PADRE MONTE E A SABEDORIA
Organização de Jurandyr Navarro
 
O livro é uma sucessão de textos escritos pelo emblemático Padre Monte entre 1920 e 1940, além de depoimentos e curiosidades. Anotações, considerações filosóficas, artísticas, químicas, existenciais e religiosas de um homem santo. Não há espaço para o superficial nessas reflexões tocadas por um tipo de inconformismo sem agressividade, discutindo ciência, moral e religião. Criador de mundos particulares, ao conciliar a fé com a terra áspera e uma notável sabedoria, ele se revela um escritor hábil. O organizador da magnífica coletânea, acadêmico Jurandyr Navarro, é um católico fervoroso. Sua dedicação incansável à memória do Padre Monte é digna de homenagens. Essa edição primorosa é mais um passo em direção ao universo múltiplo do Padre Monte. Ajuda a conhecer melhor o seu mundo mental, em quem se percebe uma mistura de conhecimento científico e fé imbatível.
 
 


VÍCIOS E VIRTUDES - CONTOS DA VIDA


FOLHETINS DO OCASO
Fausto Neto
 
Merece atenção a liberdade criativa do jovem escritor, numa escrita desligada de compromisso que não seja a audácia da imaginação. O texto corre ritmado como poesia e colorido, na pura beleza da história bem contada. Nos comportamentos estudados, o autor vai descobrindo fatos e personagens que se combinam – ou não – e se cruzam num mundo real e inusitado. Fausto Neto é dos bons; tem o que dizer. “Folhetins do Ocaso” é uma promissora estreia.



A COMADRE QUASE CEM


 



terça-feira, 6 de julho de 2021

CENTENÁRIO DE VERÍSSIMO DE MELO

 

Prefiro relembrar Veríssimo de Melo, com alegria e humor, narrando poucas e boas de sua passagem por este mundo. Folclorista, jornalista, articulista, pesquisador, humanista, uma inteligência e um estilo literário que guardava uma inconfundível leveza clássica. Lembro-me que sua morte repentina surpreendeu a todos nós. Silenciou de madrugada como um passarinho que se cala ao fim do seu bem voado e bem cantado dia. E Vivi sempre me revelava uma fragilidade de bem-te-vi. Tinha medo de viajar de avião e da morte. Mas morreu em paz. Falou-me, certa vez, que nunca vira assombração mas gostaria de ver. Era o folclorista se sobrepondo ao sensível, ao visível.
 
É sempre bom recordar com saudade e carinho a figura de Veríssimo de Melo, escritor, ex-presidente do Conselho Estadual de Cultura e boêmio nas horas profundas da noite natalense. Certa vez, a demora em retornar, preocupou D. Noêmia, sua esposa. Já passava das duas da madrugada e nada de Vivi. De repente, entrando de fininho, com aquela compleição esguia que Cascudo definiu que "dava para se esconder atrás de um I", foi surpreendido em cima do lance: "Veríssimo, tenha vergonha, a essa hora!!". "Como a essa hora", respondeu Vivi, "eu vim buscar o violão!".
 
Diógenes da Cunha Lima foi amigo e escreveu um livro sobre Veríssimo de Melo. Foi ele que me passou mais essa. Veríssimo e D. Noêmia formavam um casal exemplar. As pequenas discordâncias dos dois revelavam apenas o temperamento brincalhão e extrovertido dele. Há um certo tempo, o programa Fantástico exibia um quadro semanal sobre medicina, suas curiosidades e tratamentos. A matéria era sobre varizes. D. Noêmia assistia ao lado de Veríssimo completamente distraído. Impressionada com o relato, ela alisou as pernas e comentou: "Veríssimo, preciso ir ao dr. Jamil. Acho que essas varizes estão acentuadas". Vivi retruca com a ironia doméstica de marido crítico e intelectual: "Noêmia, se você tratar tudo o que acha que tem assim você não vai morrer nunca".
 
Paraninfo de todas as turmas da UFRN, o professor Veríssimo de Melo discursava solene e fagueiro na colação de grau  no Campus, quando percebeu que recebia palmas enfadonhas e fastidiosas dos  seus afilhados.  Saiu um pouco do escrito e anunciou peremptório que  havia preparado  uma  agradável surpresa  naquela  noite,  fato  esse   que significaria  para  ele também, um momento de grande  alegria.  E  foi passando  uma  a uma as páginas do seu discurso até  a  lauda  final, quando proferiu,  sorridente e olímpico, com os  braços  erguidos  em triunfo: "Tenho dito". As palmas retumbaram profusas.
 
Veríssimo de Melo foi lembrado, certa vez, no Conselho Estadual de Cultura  pelo poeta Diógenes da Cunha Lima. Narrou várias de suas histórias hilárias, sublinhando duas que atestam o seu temperamento brincalhão e criativo. Numa noite de autógrafos de um dos seus livros, achava-se na fila o coronel Cleantho Homem de Siqueira. Na dedicatória, Veríssimo foi mais gozador que nunca: “Ao coronel Cleantho, herói de Monte Castelo e do restaurante Universitário, oferece Vivi”. Outro oferecimento insólito com a marca registrada do escritor foi no exemplar dedicado ao poeta Augusto Severo Neto que lhe fizera, tempos atrás, uma crítica literária.  Inconformado, Veríssimo deu o trôco: “Para Augusto Severo Neto, poeta que inventei e depois me arrependi, cordialmente, Vivi”.
 
Salve Veríssimo de Melo na celebração do seu centenário.
 
Nascimento: 09 de julho de 1921
Falecimento: 18 de agosto de 1996


VALÉRIO MESQUITA




CONVITE: DEIXA VIVI VIVER


 



sexta-feira, 2 de julho de 2021

A VIDA SEGUNDO CIRILO

 

Com um estilo repleto de sensibilidades, os contos de João Paulo Cirilo são momentos de intimidade com o mais profundo. Coroados por epígrafes de grandes escritores e poetas, desbrava emoções e questionamentos escritos em linguagem cheia de sutis e complexas referências. Na sua maioria, avulta uma problemática essencial: a busca de harmonia do indivíduo no seu confronto com o Mundo.
 
Este é um excelente conjunto de histórias curtas. Recomendo. São contos em que o homem deambula em busca de si próprio. Elegantes e coesos, alongam-se no desenvolvimento para calmamente deixar correr o talento do autor. É abrir “O Colecionador de Cadarços” ao acaso e verificar como Cirilo tem uma forma privilegiada de narrar em poucas palavras.




CONSELHEIRO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 


O Diário Oficial da União (DOU) de terça-feira, dia 29 de junho de 2021, publicou portaria do Ministério do Turismo com a relação dos novos membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado que integra a estrutura do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Como um dos 13 representantes da sociedade civil, a portaria designa o professor, escritor, poeta e advogado Diógenes da Cunha Lima, tornando-se o primeiro potiguar a ocupar o cargo. O mandato é de quatro anos e considerado prestação de serviço público relevante, não remunerado.

Natural do Rio Grande do Norte (RN), Diógenes da Cunha Lima já exerceu cargo de secretário de Educação e Cultura, presidente do Conselho Estadual de Cultura e presidente da Fundação José Augusto. Foi professor de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), instituição na qual também foi reitor. É autor de diversos livros, dentre os quais estão “Câmara Cascudo – Um Brasileiro Feliz”, “O Homem que Pintava Cavalos Azuis”, “Natal – Uma Nova Biografia” e “Memória das Águas”. Atualmente, é presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL).

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para as questões relativas ao patrimônio brasileiro material e imaterial. Responsável pelo exame, apreciação e decisões relacionadas à proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, tais como o tombamento de bens culturais de natureza material, o registro de bens culturais imateriais, além de opinar sobre outras questões relevantes.
 
Desde a sessão inaugural, em 10 de maio de 1938, o Conselho Consultivo tem como base para suas deliberações as considerações de pensadores e intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Edgar Roquete Pinto e Afonso Arinos de Melo Franco. A marca das decisões tem o empenho e dedicação de grandes personalidades brasileiras que atuam, ou atuaram, na valorização e preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.