quarta-feira, 29 de junho de 2016

O LOUVOR DE SÃO FRANCISCO




            Traz novo olhar sobre o mundo,
            Sol e lua, água e vento
Têm um sentido mais fundo,
            São irmãos, seu sentimento.

Com tantas tristezas vis,
            Desafeição à vida alheia,
            Um pobre homem de Assis
            Carrega o amor nas veias.

            Ele ama a natureza,
            Seu modelo, o Galileu,
            Vê nos seres a beleza,
            São criaturas de Deus.

            Medita no seu jardim:
            Que florezinhas tão tolas,
            Vaidosas, como o jasmim,
            Violetas e papoulas.

            Pede calma às irmãs-flores:
            Teus cuidados são os meus,
            São preces tuas lindas cores,
            Também vou louvar a Deus.

        DCL



sexta-feira, 24 de junho de 2016

VIVA SÃO JOÃO




Herdamos de Portugal as fogueiras, as cantigas, as superstições, as bandeirinhas de São João.

São João me disse
São Pedro confirmou
Que nós fossemos compadres
Que Jesus Cristo mandou




sexta-feira, 17 de junho de 2016

FRASE DO DIA



Olhe com cuidado para a mulher. Você pode perder a eternidade.

THÉOPHILE GAUTIER





LIBERDADE PARA OS PÁSSAROS




Nesses tempos em que todos nós nos sentimos inseguros, Rafa, meu auxiliar no escritório, teve sua casa na Cidade Satélite assaltada. Levaram tudo. A mulher dele ainda chora. Com a voz embargada, ele demonstrou a tristeza principalmente porque levaram as suas preciosidades: a craúna, apelidada de Preta; o concriz Pixilinga, que comia na sua mão; e o azulão. Nenhum era imitador de outros pássaros, de músicas ou ruídos, como seus pares fazem. Segundo ele, cantavam “no original” (ou seja, o natural canto de cada um).

Procurei consolá-lo dizendo que poderia ser obra de um bom ladrão, que iria devolver os pássaros à floresta, sairiam do cativeiro, iriam voar em liberdade. Soou falso o consolo, então adverti, como advogado, que ele se livrara de ir para a cadeia. Das sanções penais por atividade lesiva ao meio ambiente (Lei 9.605/98). Iria cumprir pena de detenção de 6 meses a 1 ano, e seria ainda multado. O juiz não poderia perdoar porque o azulão e a craúna são pássaros ameaçados de extinção.

O poeta Manoel de Barros ensina que “os pássaros conduzem os homens para o azul, para as águas, para as árvores e para o amor”. E acrescenta, “ser escolhida por um pássaro para ser a árvore dele: eis o orgulho de uma árvore”. Em Natal, o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte e o Parque das Dunas seguem o ensinamento. Quando eu morava no Morro Branco, o grande quintal da casa vivia cheio de pássaros porque tinha muitas árvores frutíferas: oiti, cajá, caju; manga-espada, manga-rosa e bacuri; pitomba e graviola; limão e sapoti. Havia um cajueiro que produzia amarelos frutos, de sabor único. Ao seu lado, cimentei o chão para um self service de passarinhos, acrescentando água filtrada, ração, castanhas e alpiste. Acredito que os passarinhos chamavam uns aos outros, pela quantidade cada vez maior de espécies que pousavam no cajueiro.

O escritor Nilo Pereira, pernambucano de Ceará Mirim, toda carta que me escrevia, concluía dizendo: “um abraço no cajueiro”. O poeta Luís Carlos Guimarães escreveu um poema que ele dizia interminável, ia aumentando passarinhos cada vez mais até ser publicado, dedicado a Moema e a mim, no seu livro “Ponto de Fuga”: Este cajueiro plantado / no chão da areia fina / é casa de passarinho: / (...) / que bicam o mel da canção / na polpa dos gordos cajus, / para anunciar o novo dia / na janela da madrugada.

Neste grande terreno, criei outras aves: guinés, marrecos-de-Pequim e até mesmo uma gaivota chamada Dona Fernanda (homenagem distante a “Fernão Capelo Gaivota”). Encontrei-a no Canto do Mangue. O pescador me vendeu mais barato porque tinha uma asa quebrada. Moema desejou adotá-la. Providenciei imobilização da asa, que não funcionou, a fratura estava consolidada. Dona Fernanda tomou conta da casa e da piscina. Não queria comer os peixinhos que eu lhe oferecia. Colocava na beira da piscina, empurrava para dentro d’água e ia “pescar”. Minhas filhas reclamavam da “proprietária” da piscina, a gaivota. Ela também entrava em casa e fazia as necessidades em qualquer lugar. Era dona do pedaço. Terminei levando-a para S. Miguel do Gostoso. Dei de presente para o pescador Vicentinho. Dona Fernanda passou a alegrar uma pousada onde ele trabalhava e seu retrato enfeita a casa de Pirangi.

Viver é conviver, ensina o poeta amazônico Thiago de Mello. Devemos conviver com os pássaros, mas admirá-los soltos, em liberdade, sem gaiola ou qualquer forma de captura. Afinal de contas, os pássaros todo dia nos ensinam a apreciar a liberdade.


DCL



sexta-feira, 10 de junho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

CIRCUITO AMBIENTAL - NATAL






QUATRO VEZES JARBAS PASSARINHO





(01)

Quando estava como Secretario de Educação do Estado, o ministro Jarbas Passarinho reuniu muitos secretários pedindo, em hora vaga de trabalho, que cada um falasse da importância do seu município. Cada um contou sobre os valores econômicos, industriais e produtivos. Quando chegou a minha vez, disse que era nascido em Nova Cruz, uma das cidades mais importantes do Nordeste. E expliquei: Nova Cruz produz recursos humanos para o desenvolvimento do Brasil. O ministro deu risada e passou a divulgar esta história.

(02)

Dr. Onofre Lopes me contou que havia um homem que servia café no Ministério da Educação. Era um ingênuo, pouco inteligente. Estava servindo quando se deparou com o ministro Jarbas Passarinho, que recebia reitores. O servidor perguntou: “Como é o nome do senhor?”. Escandindo as sílabas, ele respondeu: “Meu nome J-a-r-b-a-s- G-o-n-ç-a-l-v-e-s-P-a-s-s-a-r-i-n-h-o”. E o servidor: “É bom saber, porque não gosto de servir café a quem não conheco”.

(03)

No Ministério da Educação havia um valioso quadro que retratava um homem moreno, de cara fechada, dura, à beira de um rio e com uma flor na mão. O Ministro Jarbas Passarinho apelidou o quadro de reitor Onofre. Isso pegou no Ministério.

(04)

Na disputa acirrada na reitoria da UFRN, o ministro Jarbas Passarinho procura seu amigo Dinarte Mariz e disse a ele que falava em nome do Presidente da República: “O senador Mariz está causando grande problema ao sistema”.

Dinarte respondeu: “Ainda ontem resolvi um problema que o Presidente me pediu”. 

Passarinho: “O presidente recebeu correspondência dos monstros consagrados da literatura indicando o nome do seu candidato, Diogenes da Cunha Lima. O presidente quer lhe valorizar, mas não quer criar problema com o governador, que apoia outro. Então indique outro nome, um terceiro da lista, que amanhã mesmo será nomeado". 

Dinarte responde: “Passarinho, amigo, é justo que você que trouxe a informação do Presidente, leve a ele a minha resposta. Diga que se eu tiver dois candidatos para um único cargo estou traindo um deles”. No outro dia fui nomeado.



DCL




sexta-feira, 3 de junho de 2016

FRASE DO DIA




A gente deve ser como o pau d’arco, que fica sem folhas para se cobrir de flores.


JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA





quarta-feira, 1 de junho de 2016

DE FRANKLIN JORGE



CONVERSANDO COM DIOGENES

Hoje a tarde fui entrevistado pelo Presidente da Academia Norte-riogranrense de Letras, poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima. Eu estava meio sem graça, preocupado com as consequências do desastre provocado por 13 anos de ditadura sindicalista implantada por essa Organização Criminosa chamada PT, mas afinal, estimulado pelas palavras e gentis encorajamento do entrevistador, acabei falando mais do que o homem da cobra.

A conversa girou sobre vários escritores que se referiram a Natal, como Clarice Lispector, Jorge Amado e Lya Luft. Falei também do dia em que, Caio Fernando Abreu e eu, flagramos Clarice na Rua Camerino, no Centro do Rio, e fomos tomar chá na Confeitaria Colombo. Lembramos Cascudo.

Diogenes quer que gravemos uma segunda parte dessa conversa cheia de vida e espírito.

31 de maio




CRAVOS AZUIS



Nos tempos em que os ventos suis
faziam estragos geniais
fiz barrocas nos quintais
semeei cravos azuis.

BERNARDO NOGUEIRA



OSWALDO LAMARTINE




Quem me dera a dureza da aroeira, 
a floração do pau-d'arco, 
a sombra da oiticica, 
o cheiro do cumaru.