segunda-feira, 17 de abril de 2023

LUIZ CARLOS GUIMARÃES: PAUTA de PASSARINHO

DCL e Luiz Carlos Guimarães

 

Sem querer, arrumando, e as vezes, desarrumando os meus livros, deparei-me, e reli, com “Pauta de Passarinho”, do meu querido e saudoso amigo Luiz Carlos Guimarães, o poeta bom e o bom poeta, titular eterno da cadeira NÚMERO 37 DA ACADEMIA NORTE RIO GRANDENSE DE LETRAS, e que eu, sentimental e emocionalmente, ocupo; e a sua, ainda, inigualável inteligência, verve poética e elevado espirito analítico, de verdadeiro ensaísta e tradutor habilidoso e produtivo.

São pequenas, mas reluzentes pérolas em forma de poesia, transformadas em puras grandezas de beleza que só Luiz Carlos Guimarães tem o poder e a vivacidade de torna-las imorredouras, inimitáveis e admiráveis. Ninguém mais as faria com tanta graça, beleza e suavidade.

A doçura, a suavidade advindas e emergidas daquelas pílulas poéticas, ouso chama-las assim, são inapagáveis da memória, tal a singeleza e força criativa contaminante com que foram aplicadas em cada página.

Talvez tenha sido por isso que não me contive e quis saciar de vez a minha vontade, relendo-as e, a partir daí, pondo no papel os meus sentimentos incontidos, mesmo entendendo que estou muito aquém do seu valor no campo literário, principalmente no que concerne à verve criativa exuberante e abundante.

Mas, não posso dizer que não gostei, e que em segundos refiz na mente um relacionamento afetivo com aquele ser humano maravilhoso, como se visse em cada e sensitivas palavras dos poemas, o vigor, a firmeza e a bondade de Luiz Carlos Guimarães, que punha amor em tudo que fazia, inclusive nas amizades, tendo eu o privilégio de; sem o merecer, ter contado com aquele seu sentimento de generosidade fecunda e transbordante, enquanto viveu.

Esses pequenos poemas são retratos corriqueiros da sua simplicidade, são forças representativas da sua verve, são elementos fermentados que conduzem, com carinho, a graciosidade envolvente, com palavras doces, cândidas e cativantes, mesmo em pequenas e sintéticas doses de bom humor e graça.

Poder-se-ia transcrever muitas de igual beleza, graça, objetiva e também subjetivamente, como por exemplo:

“Dos amigos: nomes não digo

Para não ferir coração

De quem esqueci, sendo amigo.”

Lembrou-se de Celso, a “obesa flor”, seu editor.

Este tem um significado transcendental:

“Posto à beira do caminho

São Fancisco tira cisco

Do olho de um passarinho.”

Este é mais do que gracioso:

“O cadarço do sapato,

Esquio, pende como fio

De macarrão fora do prato.”

“Na vitrine, o manequim

De olhar fatal e vulgar

Não tira os olhos de mim.”

Essa Pauta de Passarinho de Luiz Carlos Guimarães, é realmente muito interessante, e cabe mais um poeminha gracioso, por enquanto, o ultimo, aqui, naturalmente:

“Uma banda só de flautas

Tocando a canção do nauta

Lê pauta de passarinho

 pelos fios do caminho.”

Na verdade, tem-se de dizer, por ser pura verdade, esses poeminhas belos, graciosos e sintéticos, de “Pauta de Passarinho”, de Luiz Carlos Guimarães, além disso, têm alma, são condutores de espírito, vão muito além da nossa pequena imaginação, graças ao poder de  penetração suave que possuem.

Mexeu comigo, lá dentro...

Digo agora sem medo de contestação, a obra vasta, rica em todos os sentidos e dimensões, do grande Luiz Carlos Guimarães, deveria merecer atenção especial das entidades culturais, também e pincipalmente, dos órgãos públicos, objetivando sua reedição. Tenho dito.

Elder Heronildes

 

 


quinta-feira, 13 de abril de 2023

O LIVRO SEGUNDO BORGES

 
 

“Um livro é o diálogo que estabelece com seu leitor e a entonação que impõe à sua voz e às imagens mutáveis e duráveis que deixa em sua memória. Um livro não é um ser isolado: é uma relação, um eixo de inúmeras relações.”


JORGE LUIS BORGES, Outras inquisições

Ilustração: SARAH AFFONSO
 
 
 
 
 

Os PABLOS: PICASSO e NERUDA nos ANOS 40