sábado, 31 de dezembro de 2016

DCL NO FESTIVAL LITERÁRIO DE NATAL





Na 4ª edição do Festival Literário de Natal (Flin), na Ribeira, os escritores Marcus Accioly e Diogenes da Cunha Lima.







FALANDO DOS HOMENS




Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!

O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.

Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo (1952-2008) mas, na verdade, acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento.

Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'

Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de se preservar os raros e preciosos exemplares que ainda restam.

1. Habitat

Homem não pode ser mantido em cativeiro. Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA. 

Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada, diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.

2. Alimentação correta

Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra.

Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantém viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar.

Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto, não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.

3. Carinho

Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor. Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.

4. Respeite a natureza

Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros? Case-se com uma Mulher.

Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.

5. Não anule sua origem

O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apoie.

6. Cérebro masculino não é um mito

Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos!).

Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.

Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.

Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens.

7. Não faça sombra sobre ele

Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, estará salvando a si mesma.

E, Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!

Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom! Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.

Com carinho,

FERNANDA MONTENEGRO



sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

EPITÁFIO DE PROTESTO




Crítico de arte, Clarival do Prado Valladares, é autor de dois enormes volumes sobre o que viu em arte nos cemitérios. O presidente Epitácio Pessoa autorizara a prisão de sedicioso ex-presidente. Amarga, a viúva do preso fez protesto no túmulo do marechal: “Aqui jaz o grande soldado Hermes da Fonseca vitimado pelo desgosto de sua violenta e injusta prisão, efetuada aos 7 de julho de 1922”. Nelson Rodrigues propôs o seu próprio epitáfio: “Assassinado por imbecis de ambos os sexos”.





FRASE DO DIA

Paul Cezanne, 1866



Amigo é outro eu.


ARISTÓTELES



REVISTA DA ACADEMIA - ANLR





MENSAGEM NATALINA




Ivan, genial e bom, é juiz federal e escritor. A sua mensagem de Natal merece ser vista pela forma e significado.



quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES




Há flores que não tem cheiro,
Há flores muito cheirosas;
Veja a mamona, o facheiro,
Compare bem com a rosa.
A canela é flor cheirosa,
Cheira a flor e cheira o pau.
Também não tem cheiro mau
A flor da jurema preta
E quase toda buceta
Tem cheiro de bacalhau.


               por Antônio Gomes Pinheiro, 
conhecido como seu Tota.


        (Citado por Armando Negreiros)



terça-feira, 20 de dezembro de 2016

PARNAMIRIM EM FESTA

Fotos de Leila Tinoco da Cunha Lima Almeida e Olindina Cunha Lima Freire


O livro “Rio Pequeno de Grandes Histórias” de autoria das professoras Terezinha Martins da Silva, Maria José Felipe Pinheiro e Veruska de Araújo Vasconcelos Granja Rebouças, e participação de alunos da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, foi lançado em festa no belo Teatro Municipal de Parnamirim.

A festividade iniciou-se com a apresentação do pioneirismo mundial da cidade com a aviação. O professor representou, com talento, Santos Dumont e um aluno representou “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint Exupéry.

Houve fala-aula da professora Maria José sobre o livro e a cidade de Parnamirim. Emocionante a canção “Pirangi”, na voz da professora Terezinha, autora do hino da cidade.

Ficamos felizes porque do livro consta fotografias artísticas da minha irmã Dina e da minha filha Leila, além do poema “Pirangi”, parceria minha, com Chico Elion.



Foto: poema de Diogenes da Cunha Lima musicado por Chico Elion

Foto: Olindina Cunha Lima Freire



MULHERES TÊM ASAS




Na TRIBUNA do NORTE, em 18 de dezembro.






sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

MEDALHA DO MÉRITO CULTURAL







A CANÇÃO DE LIZ





Ser amada é coisa boa
Pra quem tem nome de flor.
Três letras cantam a pessoa,
Toda bonita que sou,
Ser amada é coisa boa
Pra quem tem nome de flor.

Tenho jeito de boneca,
Sei rir, chorar, durmo bem,
Sou alegre, sou sapeca,
e faço sorrir também.

Minha cidade é Natal,
Eu nasci para ser feliz,
Fazer feliz sem igual
Por isso o meu nome é Liz.


DCL



CONVITE







FRASE DO DIA



Ter saudade é reciclar o tempo.

KERUBINO PROCÓPIO




quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

HOMENAGEM



Augusto Maranhão, Diógenes da Cunha Lima, Flávio Freitas, Ubirajara Galvão (in memoriam) e Pedrinho Mendes, foram homenageados com a Medalha do Mérito Cultural Luis da Câmara Cascudo 2016, nesta quarta-feira (14), às 9h, no plenário Clóvis Motta, na Assembleia Legislativa do RN.

“Enaltecer quem busca valorizar nossas expressões culturais é estimular que mais pessoas façam o mesmo. O Rio Grande do Norte é um celeiro artístico nos mais diversos segmentos. Porém o resgate histórico, a valorização do iniciante nas artes, a análise do legado do trabalho realizado e o vislumbre da inovação e do estilo tem que ser sempre realizado. A Medalha do Mérito Cultural Luis da Câmara Cascudo tem este propósito”, justifica o deputado Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa.

O Mérito Cultural visa destacar para a sociedade as ações que cada personalidade realiza no seu dia a dia, em nome da arte. As rotinas destas pessoas estão ligadas a arte independente de exercerem carreiras distintas ao cenário artístico. A cultura está impregnada em suas vidas como elemento essencial.



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

CANÇÃO PARA UMA MENINA



Kerubino Procópio, saudoso amigo, fez, em certo dia, uma revelação que me marcou muito. Conversando sobre sua filha, então com dois anos de idade, na plenitude da ternura de pai, falou: “O mais bonito não é o olhar dela: é o que ela vê”.

Uma revelação que deixa a gente meditando sobre o significado intenso dessa comovedora verdade. A beleza real, definitiva, é quase invisível. É evocação inicial da harmonia perdida do Paraíso, sentido invulgar do terno sofrimento: aquilo que a gente pressente e quase vê, mas só é captado em outra dimensão psíquica. A beleza é a bondade do coração.

É milagre incessante, que não termina revelado na constatação imediata. A grande beleza é o silêncio, múltiplo, parado, por exemplo, de um lago que nunca foi movimentado por um feixe de ventos. É a audição de astros distantes que azulescem no infinito – a voz do mistério que circula como ondas hertzianas sobre a nossa cabeça; e muitas vezes tem a claridade lancinante de um relâmpago, ou a apagada percussão de um trovão nas noites fundas de inverno. É signo, significado, significante. Ou a música das esferas em silêncio total, que tanto assombrava Kant e Pascal.

A beleza não seria o que se vê na formal certeza, mas o que se adivinha, já domado pelo olhar. É o que a filha de Kerubino, na claridade de seus dois anos, vê de dentro para fora, do seu vasto universo nascente. Não é a forma que chega – mas esta forma já modificada pelo seu sonho de criança, pela nítida impressão do mundo espiritual que, nela, grava faixas irreveladas de comovida interpretação do mundo exterior. A íris de seu olhar vê o passado, o presente e o futuro.

A menina olha as cores se movimentando no espaço puro da praia de Pirangi. Ela tem um olhar azul, circunavegando, parado, interrogativo. De repente – só ela vê isso – as cores vão se enriquecendo como nos dias iniciais da Criação, como se se abrisse no ar compartimentos estanques de arco-íris desconhecidos.

Os parentes exclamam que o olhar da menina é belo. Mas só o pai, Kerubino, é quem pressente que belo é o que ela está vendo, igual a uma mutação migratória de aves que fosse permitida por Deus; casa pássaro evoluindo em círculos leves e profundos, na direção dessa descoberta de visão que a criança liberta para o mundo trágico dos que não sabem desatar o nó da Poesia.

A beleza dói – já se disse. Mas dói em nós, os adultos, marcados pela última dimensão já atingida da vida. Na criança, a beleza é um ato extremo de liberdade. É o exercício da alvorada, que Homero, o poeta cego, viu ser construído com dedos cor-de-rosa. Com dois anos de idade, ela não só viu o milagre, mas sentiu, sem dizer, o movimento dos átomos na Beleza recomposta pela mediterrânea água do mar que, na praia de Pirangi, fragmenta-se em azuis periféricos e longínquos, latifúndios decorais, em verdes libertários e em certos tons roxos que apenas crescem ao meio-dia; e morrem quando as tardes vão se compondo com a noite, a misteriosa Noite que a cavalga os ventos que partiram em caravelas desde as Costas d’África. São cores tão únicas, que dá vontade de raspá-las à flor da água, espraiada em verões apaziguados e com essas cores fazer um grande mural, entregando-o, depois, ao museu imaginário, raríssimo. Por esta razão, sabemos que os barcos estão em segurança quando parados nos cais, mas não foi para isso que eles foram feitos.

Com dois anos de uma sensibilidade singular, é-se capaz de nomear o verdadeiro nome das coisas, acender o lume na escuridão, apontar as distâncias ocultas, conversar com anjos da guarda, seres lúdicos que gostam de brincar e sorris debaixo das sombras rendilhadas de árvores e silêncios. E recolher antigos luares, que envelheceram nas dunas misteriosas de Natal, construindo um abrigo de luares encanecidos e trêmulos, cansados e sozinhos.

Ao crescer, no contacto do mundo adulto, a filha de Kerubino terá tido – inevitavelmente -, saudade do que o Pai constatou na sua pequena infância, enfeitiçada do que é eterno e infinito. E, por isso, nunca passageiro.

Aliás, tudo que passa, permanece – disse um certo poeta de Nova Cruz, que, de vez em quando, usa sua lanterna, também ao meio-dia, na busca de suas verdades interiores. Ou se interroga, querendo saber o que o Cristo viu do alto da Cruz. E o Cristo diz: “Aproxime-se mais, Diogenes, que aos poucos vou lhe revelando...”

Por isso, carecemos de asas, já dizia Sócrates.

Sanderson Negreiros
Tribuna do Norte, 11 de dezembro de 2016




NA COLUNA DE ÉRIKA NESI






VIVA A ÁRVORE VIVA






sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

NA COLUNA DE CASSIANO ARRUDA CÂMERA






DIÓGENES “CASCUDO” DA CUNHA LIMA




                                                        por RAMALHO LEITE



Graças à iniciativa do paraibano Adalberto Targino e seus confrades da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte fui honrado com a  inclusão do meu nome entre os novos sócios da entidade, na categoria  de correspondente. Em muito boa companhia: Berilo Ramos Borba, Roque de Brito Alves,Raimundo de Oliveira, Ralph Siqueira,  Itapuan Botto Targino, Walber de Moura Agra,Ricardo Bezerra, além dos ausentes mas não menos destacados desembargadores Rogério Fialho e Fátima Bezerra Cavalcanti. A solenidade foi coroada com a posse de nova imortal, a advogada natalense Lúcia Jales.

Roubado da cena jurídica muito cedo, quando a tribuna parlamentar me convocou, mesmo assim percorri algumas searas que enriqueceram meu curriculum e me levaram à honra de pertencer àquele silogeu.Coube ao ex-reitor Berilo Borba traçar o perfil dos empossandos. Sobre a minha modesta pessoa escreveu: “nascido em Borborema, fez os primeiros anos do ensino médio aqui em Natal, onde teve de acompanhar as travessuras de “Pecado” que agitava a moçada.Terminou seu curso secundário no Liceu , em João Pessoa.Graduou-se em direito.Foi advogado militante e procurador.Na política foi vereador em Borborema e presidente da Câmara, deputado estadual e federal. Hoje é membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e da Academia Paraibana de Letras.Jornalista consagrado,cronista,historiador e escritor:autor de vários livros”.O jornalista consagrado vem  da generosidade do orador.

Registro a espontânea acolhida dos membros da ALEJURN, entidade que reúne os mais representativos juristas da terra potiguar, desde o presidente Lúcio Teixeira, ao eterno presidente da Academia Norte Riograndense de Letras, o causídico, poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima primo/irmão de Ronaldo, sobre quem publicou recentemente ilustrado trabalho lançado na nossa Academia de Letras. Seu admirador de longa data, pelo conjunto da obra, nossa ligação é também familiar. É Ramalho da descendência dos Amâncio Ramalho e viúvo de Moema Ramalho Tinoco, filha de Artur Tinoco e Carmésia, esta, filha do velho José Amâncio Ramalho, fundador da minha terra natal e  pioneiro da energia hidroelétrica no nordeste brasileiro.

Diógenes é especialista em Luiz da Câmara Cascudo. Cascudo está para o Rio Grande como Gilberto Freyre para Pernambuco e José Américo para a Paraíba. Aliás, Cascudo tem algo mais em comum com Zé Américo:  ambos foram depurados quando eleitos deputados federais em 1930. “O meu mandato durou três dias”, diria Cascudo. Desde então abominou a política. Zé Américo seguiu em frente. Diógenes esmiuçou a obra cascudiana, anotou conversas, guardou dedicatórias e se deliciou com suas cartas. Absorveu essa convivência de vinte anos e documentou  seus melhores momentos. Para ele, Cascudo era um brasileiro feliz.A princípio, o mestre reclamou da definição: indiretamente, milhões de brasileiros seriam infelizes... Terminou por aceitar o conceito e proclamou: “sou o que Diógenes me chamou: um brasileiro feliz”. Eu acrescentaria: e de muito bom humor.O  livro de Diógenes, “Camara Cascudo um brasileiro feliz”, já vai na quarta edição e inclui um Dicionário do Humor do renomado escritor,folclorista, sociólogo, antropólogo, historiador, poeta e professor de Direito Internacional Publico. Fundador da Academia de Letras do RN e de tantas outras instituições culturais fez jus à definição de Jorge Amado: “pobre de bens materiais, mas rico de alegria criadora”.

A simbiose entre Diógenes e Cascudo, resultado de uma longa convivência e respeitosa amizade levou-me a acrescentar  Cascudo no nome do poeta para compor o titulo acima. O velho mestre não reclamaria. Seu discípulo, muito menos. Desde os treze anos, quando deixou Nova Cruz para continuar os estudos em Natal, Diógenes passou a freqüentar o casarão da Junqueira Ayres. Só saia de lá com a carinhosa ordem do dono da casa: vá baixar noutro terreiro! Foi assim que começou  a “beber água na fonte”,cumprindo, com rigor e dedicação  a recomendação paterna: “ Procure Cascudo. Câmara Cascudo é um rio, o resto tudo é riacho”.


(*) Ramalho Leite é escritor paraibano, ex-deputado federal.




NA COLUNA DE WODEN MADRUGA






NA COLUNA DE ÉRIKA NESI





DCL NO NOVO JORNAL






FRASE DO DIA



A corrupção é o câncer de uma nação. O Judiciário brasileiro está evitando 
que se transforme em metástase.

DCL



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

ESCRITORA NIVALDETE FERREIRA


THIAGO GONZAGA ENTREVISTA A ESCRITORA NIVALDETE FERREIRA 


3- Qual escritor, do passado ou do presente, você gostaria de convidar para um café?

Diógenes da Cunha Lima, pela poesia e porque está ligado, via Zila Mamede, à minha vinda para Natal. Acho que ficaria bastante silenciosa, mas ele sabe provocar uma boa conversa, é cavalheiro, sensível. Então, daí a pouco eu pediria que cantasse uma das cantigas que fez para as crianças e que dissesse o terceiro poema da página 187 d’O Livro das Respostas, o da “janela galáctica”… Pronto. Por efeito da física quântica e da poesia, o café acaba de ser bebido numa mesinha cósmica, adoçado com açúcar que S. Jorge trouxe da lua.



TÚNEL DO TEMPO




WALTER PEREIRA era dono da Livraria Universitária, na Avenida Rio Branco (Natal, RN),  local onde se reuniam escritores e poetas. A livraria tinha crediário para jovens poetas e escritores. O proprietário nunca cobrava, mesmo co atrazo. Um homem gigantesco.

NEWTON NAVARRO não só me estimulou a publicar o meu primeiro livro, foi também meu amigo até morrer e trabalhou comigo na Prefeitura. Ilustrou livros meus. Um grande artista.

DCL




segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ADEUS, POETA




Morreu o mestre FERREIRA GULLAR, aos 86 anos. Um dos maiores dos nossos poetas, maranhense, sua poética destacou-se pelo engajamento político. Por meio da palavra foi um importante instrumento de denúncia social. Nos últimos tempos, através de crônicas contundentes, analisava a decadência e corrupção do Partido dos Trabalhadores (PT).



TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?



JORNAL DE WODEN MADRUGA







O PAÍS DO ACASO





O PAÍS DO ACASO

Diogenes da Cunha Lima


Muita gente, como eu, aprende na escola que o Brasil foi descoberto por acaso, na Bahia, por Pedro Alves Cabral. Negam as três informações, Lenine Pinto e outros bons historiadores. Cabral não foi o primeiro, não errou a rota e o “Porto Seguro” seria no Rio Grande do Norte.

Somos o país do acaso. De Cabral à Cabral.

“O acaso é o pseudônimo de Deus quando ele não quer assinar”, meu pai citava esta frase de Théophile Gautier (1811 - 1872), e dava exemplo. O povo contava uma lenda de Serra de São Bento. Lá, era lugar de cangaceiros, bandidos que se refugiavam no alto serrano. Houve uma grande seca e um missionário fez um sermão dizendo que se eles depusessem as armas, Deus faria chover. Imediatamente o vento trouxe nuvens pesadas. O frade levantou as mãos, orou e caiu um toró com direito a relâmpagos e trovões. Os valentes, um a um, foram entregando facas santa-luzia, fuzis boca-de-sino, espingardas, todo armamento ao frade. Ninguém sabia explicar o sumiço do missionário e do armamento. Muitos e muitos anos depois, o monsenhor Pedro Moura resolveu fazer um novo cruzeiro de frente à igreja. E quando foi chantar a nova cruz apareceu soterrada uma velha arca cheia de armas enferrujadas. Obra do acaso, concluiu meu pai.

O acaso é também aquilo que não pode ser medido pela ciência. Entretanto, são beneficiárias do acaso as ciências, as artes, a literatura, a poesia, até a tecnologia.

Podemos dizer que é um fenômeno que nós não percebemos a causa. É a incapacidade de prever com a absoluta certeza um acontecimento. De fato, todo fenômeno tem uma causa determinante. Voltaire (1694 – 1778) doutrinava: “O acaso é uma palavra sem sentido, nada pode existir sem causa”. Contudo, o acaso tem alguma coisa de nonsense, é um divino instrumento aleatório de desorganização aparente. Muitas coincidências são deuscência.

D. Sebastião, rei de Portugal, um rapazinho de vinte e quatro anos, resolveu fazer guerra ao Marrocos e levou novecentos navios para a empreitada. Perdeu a batalha e a vida. Transformou-se em mito da esperança messiânica. Já o Brasil foi o grande beneficiário. Felipe II, rei da Espanha, neto de D. Manoel, o Venturoso, passou a reinar sobre a União Ibérica. As colônias sul-americanas passaram a ter o mesmo comando. Sobretudo graças aos bandeirantes, o nosso país, que era limitado pelo Tratado de Tordesilhas, cresceu sem guerras e duplicou o seu território.

O acaso tem muita força!

Quem poderia imaginar que Napoleão Bonaparte faria um grande benefício ao Brasil? O seu gênio militar e político não detectou que estava sendo enganado por D. João VI, apoiado pela Inglaterra. Face à invasão de Portugal por suas tropas o Brasil ganhou, em 1808, a corte portuguesa. Sete anos depois, o nosso país transformou-se em reino e sede da monarquia. 

Jorge Luís Borges (1899 – 1986) dizia ter conhecido a incerteza, desconhecida pelos gregos. Criou um conto maravilhoso a partir da mitologia: “A Loteria da Babilônia”. Tudo nesse país, controlado por uma secreta Companhia, seria determinado pelo acaso. Explica o narrador: “Sou de um país vertiginoso, onde a loteria é a parte principal da realidade”. Somos essa Babilônia? Naquele país imaginado as pessoas e as instituições dependiam da sorte para a vida e para a morte. No começo, sorteavam-se moedas de prata, o perdedor mereceria o desprezo popular ou a cadeia. Havia grandes discussões de caráter jurídico-matemático. A direção da Companhia manipulava o acaso, controlava até a natureza. A conclusão do conto é que: “a Babilônia não é outra coisa, senão um infinito jogo de acasos”. Mesmo assim, ninguém deveria perder as esperanças.

Temos que acreditar na sorte, em nosso destino, mesmo em acontecimentos inexplicados ou inexplicáveis, porque Deus não joga dados como concebia Alberto Einstein. Todas as coisas tem uma lógica superior, um motivo de ser. O êxito ou a derrota estão também no agir humano.

A Argentina sempre amou uma disputa territorial, com as Malvinas, com a Inglaterra, na fronteira com o Chile ou com o Brasil. Só que agora, por acaso, nunca poderia haver de enfrentar o Brasil. Itaipu, que produz cerca de 25% da energia da região, desestimula qualquer disputa. De fato, já se comentou que se abríssemos totalmente as comportas da barragem, Buenos Aires seria paralisada. Ainda praticaria malefícios ao Brasil e Paraguai. Por acaso, a construção de uma hidrelétrica transformou-se em uma bomba hídrica.

O Brasil, historicamente, tinha uma elite endinheirada que fazia ostentação, eram enormes passageiros do luxo desmedido e da fatuidade. Eram dirigentes atuantes na política, nos sindicatos, nas grandes empresas. Por acaso, surgiu de um posto de gasolina o nome da Lava Jato, uma pequena operação policial a partir de interceptações telefônicas. Visava apurar corrupção e lavagem de dinheiro. Essa operação desvendou o maior assalto aos cofres públicos da história do planeta. Quase levou à falência a maior empresa, orgulho do Brasil. Verificou-se que o crime estava disseminado, corroendo organizações governamentais. Antigamente, dizia-se, que só iam para a cadeia os três pês: pobre, preto e prostituta. Agora, em razão de um pequeno caso investigado, magnatas estão na cadeia ou com tornozeleiras. Nos últimos dias, dois ex-governadores do Rio de Janeiro foram presos. Um deles, outro Cabral, está na prisão, por acaso, na penitenciária que ele mandou construir.

Os passageiros da corrução e da gastança de dinheiro fácil, por ser público, estão apavorados com o naufrágio. Só que, como no caso do Titanic, a maioria não se salvará.

Estamos no país que busca da aplicação ética na força do Poder Judiciário que sabe bem exercer a sua função, aproveitando a vertigem do acaso.