Vamos parabenizar a mulher.
Ela merece. Simplesmente porque é a metade mais sensível, calma e flexível, a
metade mais bonita da humanidade. Não tenho certeza, mas, muitas vezes,
desconfio de que também é a parte mais inteligente.
Quem pode discordar do
louvor à mulher-mãe, vó, filha, amiga?
Quanto vale o que não honra a sua mulher?
Na história, a mulher
sobreviveu a todos os maus-tratos, preconceitos e maus conceitos, humildemente
gerando o fruto do seu ventre. Agora, a genética prova a dispensabilidade do
macho para a geração. Ainda que de clones, ainda que com intolerável uniformidade.
Jesus Cristo foi o primeiro
entre os primeiros a conferir dignidade à mulher, conversando com a estrangeira
samaritana, com elas caminhando, pregando, curando, defendendo. Até às
prostitutas. Todavia, uma duvidosa interpretação do dizer de São Paulo, em
epístola aos Coríntios, causou danos irreparáveis: “Cale-se a mulher na
igreja”. Assim, a mulher foi proibida também de cantar nas igrejas. Por isso,
até o século XVIII, meninos e rapazinhos eram castrados para permanecerem com
voz aguda nos corais. Penso que Bento XVI, o primeiro Papa a enaltecer o amor
carnal, poderá estender às mulheres a função sacerdotal.
A Bíblia faz registro de
mulheres notáveis como Éster, Judite, Rute. Não se pode esquecer a lendária
rainha de Sabá que encantou Salomão o mais sábio dos homens, e, até hoje, é responsável pela descendência
dos judeus negros da Etiópia.
Vão muito além da África e
do Oriente Médio as imposições sobre a mulher. Na China, a mulher rica ainda é
boneca e a pobre é um animal de trabalho. As meninas, até pouco tempo, usavam
ainda sapatos de ferro para terem os pés pequenos, considerada razão de beleza.
Para manter e justificar a
superioridade sobre a companheira, os homens inventam ditados, anexins,
provérbios, artes dramáticas. Em Portugal: “mulher magra sem ter fome, foge
dela que te come”. No Brasil: “mulher ri quando pode e chora quando quer”. Na
Inglaterra surgiu pior: “Mulheres e ventos são males necessários”. Já os
romanos diziam que “a mulher aprende a chorar para mentir” (Ovídio). Até na
ópera Rigoleto, de Verdi, consta que: “La donna è mobile”, a mulher é móvel
qual pluma ao vento…No Nordeste brasileiro, existem ditados que se prestam a
múltiplas interpretações: “Mulher só envelhece da cintura para cima”. Lembro,
finalmente, que Shakespeare, no começo do século XVII, põe na boca de Iago em
Otelo: “Fora de casa sois pinturas: nos quartos, sinos; santas, quando
ofendeis; demônios puros, quando sois ofendidas; insolentes no governo da casa
e boas donas do lar quando na cama”.
O Brasil já homenageou à
mulher elegendo uma Presidenta. Já foi, com êxito, por quase quatro anos
chefiado com nobreza por uma princesa: Isabel Cristina Leolpodina Augusta
Micaela Gabriela Gonzaga de Bragança e Bourbom, conhecida como Princesa Isabel.
Sabia falar francês, inglês, alemão, conhecia latim, a ela se deve a Lei do
Ventre Livre (1871), a fixação das nossas fronteiras, a antevisão do que seria
o Mercossul, a libertação dos escravos. Proclamada a República, mesmo não sendo
candidata, Isabel foi votada.
Saudemos a mulher. Você,
mulher, é princesa.
DCL
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