quinta-feira, 8 de março de 2018

MULHER PRINCESA




Vamos parabenizar a mulher. Ela merece. Simplesmente porque é a metade mais sensível, calma e flexível, a metade mais bonita da humanidade. Não tenho certeza, mas, muitas vezes, desconfio de que também é a parte mais inteligente.

Quem pode discordar do louvor à mulher-mãe, vó, filha, amiga?  Quanto vale o que não honra a sua mulher?

Na história, a mulher sobreviveu a todos os maus-tratos, preconceitos e maus conceitos, humildemente gerando o fruto do seu ventre. Agora, a genética prova a dispensabilidade do macho para a geração. Ainda que de clones, ainda que com intolerável uniformidade.

Jesus Cristo foi o primeiro entre os primeiros a conferir dignidade à mulher, conversando com a estrangeira samaritana, com elas caminhando, pregando, curando, defendendo. Até às prostitutas. Todavia, uma duvidosa interpretação do dizer de São Paulo, em epístola aos Coríntios, causou danos irreparáveis: “Cale-se a mulher na igreja”. Assim, a mulher foi proibida também de cantar nas igrejas. Por isso, até o século XVIII, meninos e rapazinhos eram castrados para permanecerem com voz aguda nos corais. Penso que Bento XVI, o primeiro Papa a enaltecer o amor carnal, poderá estender às mulheres a função sacerdotal.

A Bíblia faz registro de mulheres notáveis como Éster, Judite, Rute. Não se pode esquecer a lendária rainha de Sabá que encantou Salomão o mais sábio dos homens,  e, até hoje, é responsável pela descendência dos judeus negros da Etiópia.

Vão muito além da África e do Oriente Médio as imposições sobre a mulher. Na China, a mulher rica ainda é boneca e a pobre é um animal de trabalho. As meninas, até pouco tempo, usavam ainda sapatos de ferro para terem os pés pequenos, considerada razão de beleza.

Para manter e justificar a superioridade sobre a companheira, os homens inventam ditados, anexins, provérbios, artes dramáticas. Em Portugal: “mulher magra sem ter fome, foge dela que te come”. No Brasil: “mulher ri quando pode e chora quando quer”. Na Inglaterra surgiu pior: “Mulheres e ventos são males necessários”. Já os romanos diziam que “a mulher aprende a chorar para mentir” (Ovídio). Até na ópera Rigoleto, de Verdi, consta que: “La donna è mobile”, a mulher é móvel qual pluma ao vento…No Nordeste brasileiro, existem ditados que se prestam a múltiplas interpretações: “Mulher só envelhece da cintura para cima”. Lembro, finalmente, que Shakespeare, no começo do século XVII, põe na boca de Iago em Otelo: “Fora de casa sois pinturas: nos quartos, sinos; santas, quando ofendeis; demônios puros, quando sois ofendidas; insolentes no governo da casa e boas donas do lar quando na cama”.

O Brasil já homenageou à mulher elegendo uma Presidenta. Já foi, com êxito, por quase quatro anos chefiado com nobreza por uma princesa: Isabel Cristina Leolpodina Augusta Micaela Gabriela Gonzaga de Bragança e Bourbom, conhecida como Princesa Isabel. Sabia falar francês, inglês, alemão, conhecia latim, a ela se deve a Lei do Ventre Livre (1871), a fixação das nossas fronteiras, a antevisão do que seria o Mercossul, a libertação dos escravos. Proclamada a República, mesmo não sendo candidata, Isabel foi votada.

Saudemos a mulher. Você, mulher, é princesa.


DCL





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