CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
(Itabira, Minas Gerais. 1902-1987)
O padre furtou a moça, fugiu
Pedras caem no padre, deslizam
A moça grudou no padre, vira sombra,
aragem matinal soprando no padre.
Ninguém prende aqueles dois,
Aquele um
Negro amor de rendas brancas.
Lá vai o padre,
atravessa o Piauí, lá vai o padre,
bispos correm atrás, lá vai o padre,
lá vai o padre lá vai o padre lá vai o padre,
diabo em forma de gente, sagrado.
Na capela ficou a ausência do padre
E celebra a missa dentro do arcaz.
Longe o padre vai celebrando vai cantando
todo amor é o amor e ninguém sabe
onde Deus acaba e recomeça.
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