Livrei meu coração das
angústias
Porque os amigos estão
morrendo
Todos, um a um. Fica
somente
Um silêncio denso, bem
presente.
Yolanda, que não
gostava de tardes,
Amavas as flores
vermelhas,
Morreu quando o dia
veio.
Lúcio, forte e bom,
homem duro,
Numa sexta-feira, dia
de expediente,
Morreu de câncer nos
rins.
Todos estão morrendo
Com horas, lugares, os
outros assistindo
Mas a causa mortis
maior
A que sinto – única –
e realmente triste
É a vida.
Por tudo isso
E pelo que mais consta
Na busca peregrinante,
Com truque de mágica
Vagabunda e
desconsolada,
Livrei meu coração das
angústias.
Não quero mais
certezas teológicas,
Nem tudo que o homem
bom inventou
Nos momentos
emocionais
Para movimentos e
permanências
Tardes e madrugadas,
tudo vão,
Inútil e cansado,
nebulosas.
Que venham os deuses e
diabos confraternizados
Ferindo zambumbas e oboés
Unindo em abundantes e
perfeitas lágrimas
Lembranças dos tempos
clássicos
Em que era a ilusão.
Quero é o sol de
espartilho,
Os asilos abertos como
agora,
Tudo afastado e bom,
Pois o lugar
Mais distante da
angústia
É a angústia morando.
Diogenes da Cunha Lima
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