Parece
que dormi:
nas
minhas asas
descubro
traços de sonho,
de um
sonho feito de neve
de
silêncio e de distância
que pouco
a pouco será consumido
pela boca
voraz de tanto azul.
Minha
bagagem é o meu desejo
meu
destino é uma estrela
há
milênios extinta, porventura
minha
desgraça é o meu canto
que já
não ressoa mais
tão surda
e tão gasta é
a concha
do infinito.
Minha
esperança, contudo,
é a mão
de Aldebarã
que
traça, talvez, no velho
portulano
do azul
este rumo
que eu invento.
Um
consolo me ameiga o coração
saber que
do meu voo se desprende
para a
fome dos ventos siderais
vestígios
de cordilheiras
tristezas
de muitos mares
angústias
de céus rasteiros
ternuras
de antigos pousos
e,
sobretudo, o áspero gosto de chão.
THIAGO de
MELLO
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