sexta-feira, 29 de julho de 2022

O GALO de CAMPINA

 


Querido amigo Diogenes,
 
Um passarinho me contou de seu aniversário e acho que foi o Galo de Campina, o meu principal interlocutor aqui na Vivenda da Conceição, paço da Fazenda Lagoa Nova.  Se houvesse recebido a informação entre a Praia de Cotovelo e o Vale do Rio Pium, sua autoria certamente teria sido do Rouxinol, com voz igualmente intimista, destacável, solitária, mas de grande poder de persuasão. E se atribuo ao Galo de Campina o achado de seu dia de luz, nada mais natural dedicar o poema, que lhe dediquei, também a você, meu interlocutor humano no universo onírico da poesia. Ademais, como presente de aniversário. Amém.
 

          O GALO de CAMPINA           
 
Ao poeta Diogenes da Cunha Lima
 
 
o galo de campina passa
costurando em cruz
o amanhecer
 
é sempre o primeiro
a celebrar o sol
ainda sem vê-lo
 
quanta nobreza
no galo de campina
ao cruzar o paço
 
no mesmo terraço
onde reina a noite
e reinará o dia
 
seu lar é o descampado
a límpida visão
do tempo parado
 
com seu rubro capelo
                            desfila na aurora                             
de róseos segredos
 
e por chamar-se galo
tem a primazia
da saudação do dia
 
o outro é profeta
senhor das alvíssaras
e ele poeta
 
mas o destino se alia
ao canto dos dois
em esperança e poesia
 
 
HORÁCIO PAIVA




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