A expressão latina: “Vinum
laetificat cor hominis” (o vinho alegra o coração do homem) provém de um
versículo do Livro do Eclesiástico (Ecl 40, 20): “Vinum et musica laetificant cor”
(o vinho e a música trazem alegria ao coração). A mitologia romana indica
Baco como o deus protetor da vinha, correspondente ao mito grego de Dionísio. Este
era filho de Júpiter com a mortal Sêmele. Foi perseguido por Juno (esposa de
Júpiter) até se tornar adulto, quando passou a viver na Ásia, difundindo o
cultivo da videira.
Os vinhedos da região de Champagne (nordeste da França) – da qual se origina o nome do espumante – começaram a ser cultivados provavelmente pelos romanos. Inicialmente, produzia-se vinho branco não efervescente. Para obter as borbulhas características do champanhe era necessária dupla fermentação dos mostos. Mesmo estando ligado à ideia de celebração e alegria, durante certo tempo seu consumo foi proibido pelas autoridades eclesiásticas. Consideravam-no o “vinho do diabo”. Quais os motivos? Os vinicultores de Champagne, por desconhecimento, cometiam erros e as bolhas da bebida se tornavam ruidosas e explosivas, causando acidentes. Naquela região, a colheita nas vinícolas demorava muito e os vitivinicultores da época não utilizavam recipientes especiais para a fermentação, não sendo esta completa e adequada. Uma vez prensadas, as uvas eram envasadas imediatamente. Os vinhateiros pensavam que agiam de maneira correta, pois era o método conhecido. No entanto, como a fermentação não estava concluída no momento do envase, continuava dentro da garrafa. E, ao abri-la, explodia. E por não saberem explicar o processo químico, atribuiu-se o fenômeno ao demônio. Passou-se a rotular a bebida de “satânica”. Entretanto, não se deve confundir esta narrativa com a lenda chilena, bem posterior, do vinho “Casillero del Diablo” (Adega do Diabo), produzido por “Concha y Toro”.
Os vinhedos da região de Champagne (nordeste da França) – da qual se origina o nome do espumante – começaram a ser cultivados provavelmente pelos romanos. Inicialmente, produzia-se vinho branco não efervescente. Para obter as borbulhas características do champanhe era necessária dupla fermentação dos mostos. Mesmo estando ligado à ideia de celebração e alegria, durante certo tempo seu consumo foi proibido pelas autoridades eclesiásticas. Consideravam-no o “vinho do diabo”. Quais os motivos? Os vinicultores de Champagne, por desconhecimento, cometiam erros e as bolhas da bebida se tornavam ruidosas e explosivas, causando acidentes. Naquela região, a colheita nas vinícolas demorava muito e os vitivinicultores da época não utilizavam recipientes especiais para a fermentação, não sendo esta completa e adequada. Uma vez prensadas, as uvas eram envasadas imediatamente. Os vinhateiros pensavam que agiam de maneira correta, pois era o método conhecido. No entanto, como a fermentação não estava concluída no momento do envase, continuava dentro da garrafa. E, ao abri-la, explodia. E por não saberem explicar o processo químico, atribuiu-se o fenômeno ao demônio. Passou-se a rotular a bebida de “satânica”. Entretanto, não se deve confundir esta narrativa com a lenda chilena, bem posterior, do vinho “Casillero del Diablo” (Adega do Diabo), produzido por “Concha y Toro”.
No século XVII, dom Pierre Pérignon, um monge beneditino da Abadia de Saint-Pierre d'Hautvillers, começou a adotar novas técnicas, conseguindo obter a bebida com o sabor, odor e aspecto semelhantes aos atuais. Introduziu também o uso de rolhas de cortiça. As garrafas eram reforçadas, empregando-se um vidro mais espesso. Apesar de tais cuidados, às vezes, ocorriam explosões. Com as descobertas de Louis Pasteur (século XIX) sobre os levedos, os mistérios do champanhe foram desvendados. E graças a um maior controle de qualidade, voltou a ser consumido, com segurança, perdendo sua característica “diabólica”.
O champanhe é especial, a tal ponto de alguns degustadores esquecerem, por vezes, que se trata de um vinho. O folclore em torno de seu consumo é riquíssimo. Trata-se de uma bebida da qual se tem dom Pérignon como elaborador. Alguns estudiosos relatam que, ao provar sua criação, o religioso exclamara ao tomar a bebida: “Venham rápido! Estou bebendo estrelas”!
Essa bebida era ligada à nobreza, notadamente apreciada nas cortes francesa e russa. Depois de um reinado desastroso, Luiz XVI desejou tomá-la antes de enfrentar a guilhotina, na Praça da Concórdia (Paris). Em 1876, o czar russo Alexandre II encomendou a Louis Roederer um champanhe, que deveria ser engarrafado em cápsulas de cristal. Um grande entusiasta desse espumante foi Napoleão Bonaparte. Este frequentava Épernay (capital administrativa da província Champagne-Ardenne). Jean-Rémy Moët, então dono da Moët & Chandon, mandou construir casas de hóspedes para Bonaparte e seu séquito. Devido à sua localização geográfica, a região francesa de Champagne sofreu bastante com acampamentos militares. Várias vezes, foi ocupada por combatentes e o espumante servia como tônico para revigorar as forças e a coragem dos soldados nos campos de batalha. Pesquisadores europeus narram que, nos tempos do imperador francês, oficiais comemoravam suas vitórias ainda nos campos de luta, sem apear dos cavalos. Quebravam os gargalos das garrafas com seus sabres e bebiam o líquido. Há quem diga que essa prática nasceu com os hussardos do czar. Vale, no entanto, lembrar que o primeiro milagre de Cristo, realizado numa festa de casamento em Caná da Galileia, foi a transformação da água em vinho (cf. Jo 2, 1-11). E o apóstolo Paulo aconselha a seu discípulo Timóteo: “Não bebas somente água, também um pouco de vinho, por causa de teu estômago e tuas fraquezas” (1Tm 5, 23).
Padre João Medeiros Filho
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