segunda-feira, 24 de julho de 2023

SALMO de ZILA MAMEDE

 

SALMO 39
 
ZILA MAMEDE
 
Quando de mim desapartem
a agora face que tenho
ninguém sabe quem fui
nem de onde venho.
 
Se esse humano dos meus gestos
repouse na pedra e cal
quem pergunta se
teci bem, mal?
 
Meus olhos pulverizados
não se possam reespantar
estão cansados de
amar, odiar?
 
Na fria tranquilidade
do todo que se desfaça
há pranto de silêncio,
morte, graça?
 
Quantos breves desesperos
de mim em mim mais caminhem
são heranças da terra
— flores, guerra?
 
Que importa o que então exista
nesse duro chão que passe?
— Estrela da Tarde
no amor me guarde.
 
* De “EXERCÍCIO da PALAVRA”




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