JUNQUILHO LOURIVAL
(1895 - ?) – poeta norte-riograndense
O curioso nome floral
deste poeta, Francisco Junquilho Lourival, se deve certamente ao fato de o pai,
também poeta, cujo nome completo era Joaquim Edwiges de Mello Açucena
(1827-1904), ter querido agraciar um de seus (ditos) 34 filhos com esta
referência a uma espécie vegetal. Figura emblemática de Natal-RN, poeta,
conquistador, violeiro, herói, etc. este senhor Edwiges Açucena merece uma
pesquisa no Google (não deixem de ver).
Quanto ao filho, além de poeta,
repórter, advogado, era funcionário público e teve o mérito de recolher e
publicar toda a obra poética do pai, até então inédita. Seu soneto que
transcrevemos é um dos mais belos de nossa poesia religiosa. Infelizmente não
conseguimos, mesmo recorrendo à Academia Norte-Riograndense de Letras, uma foto
do poeta para ilustrar esta matéria. Mas o soneto dele, belíssimo, vale por
tudo isto.
JESUS
Senhor, ao teu desejo
elevo a taça
Transbordante de fel
do meu tormento!
Tua vontade sobre mim
se faça
E seja o teu amor meu
pensamento!
Que a minha fé, Jesus,
não se desfaça,
Das perversões ante o
deslumbramento!
Por mim passe a
maldade como passa
O grão de poeira no
fragor do vento!
Mártir da Cruz, ó
símbolo da Mágoa!
Dá-me a cumprir sereno
a minha pena
— Chagado o corpo e os
olhos rasos d’água.
E faze que esta boca
humilde e boa
Nunca maldiga ao que
disser — Condena!
Mas beije os pés ao
que disser — Perdoa!
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