
ARQUITETA POTIGUAR APONTA AS TENDÊNCIAS
E TRANSFORMAÇÕES
DO MORAR MOTIVADAS PELA PANDEMIA
Hilneth Correia
O que muda no morar após a pandemia da Covid-19? O
confinamento trouxe a necessidade de adaptar o lar para acomodar todas as
atividades que passaram a ser realizadas em casa: trabalho, estudos, lazer,
refeições e exercícios físicos. Como será que o lar se adaptará para os
próximos desafios? Como lidaremos com a limpeza e a organização da morada após
o controle do vírus? Como será a nossa interação social, diante de novas
medidas de distanciamento e de higiene? E a tecnologia, que nos forçou a migrar
para o universo on? A arquiteta potiguar Karenina Hentz da Cunha Lima aponta as
tendências e transformações que estão ganhando força com a pandemia da
Covid-19.
“O tempo maior que estamos passando em casa está
evidenciando os cuidados que devemos ter em relação a como nos sentimos em
nossas residências. A relação com o espaço que a gente ocupa ganhou uma
importância ainda maior. A pandemia trouxe novas tendências para projetos
residenciais, assim como acelerou outras que já vinham em crescimento como, por
exemplo, a preocupação de espaços cada vez mais aconchegantes em nossas
próprias residências,” explica Karenina.
O trabalho remoto vinha em crescimento nas empresas e
algumas casas já estavam adaptadas para isso. No entanto, de acordo com a
arquiteta, a pandemia acelerou a tendência do home office — e não apenas com
uma bancada para o computador, mas também com preocupações com os condicionamentos
do conforto térmico, acústico e lumínico. “É importante termos um espaço
reservado para o home office, bem como é imprescindível um local adequado para
aulas remotas, no caso das famílias que têm crianças, além de espaços
destinados para momentos de interação, que agora se adequam aos novos hobbies
como a jardinagem ou a tendência crescente do ‘faça você mesmo’ “, indica ela.
De acordo com Karenina, os novos hábitos de higiene
vieram para ficar. O hall de entrada, por exemplo, que é uma área de transição
entre a rua e a casa, ganha importância. “É um espaço para higienização, onde
se pode deixar bolsas, sapatos, sem levar a sujeira da rua para dentro de casa.
Ele pode ser complementado com ganchos e mancebos para pendurar os itens
recém-retirados, sapateira, banquinho e mesinha. Tudo para tornar mais prático
o tira-põe ao chegar e sair de casa “, diz ela.
A bancada de estudos no quarto dos filhos tinha caído em
desuso, mas voltou com tudo nos novos projetos durante a pandemia. Segundo a
arquiteta, os estudos e o trabalho em casa também elevam a preocupação com a
distribuição da internet pelos cômodos. “A experiência da quarentena, com a
família toda em casa em tempo integral, vai refletir nos layouts daqui para
frente”, avalia. Para a profissional, as pessoas voltaram a dar bom uso também
aos espaços sociais do lar com foco no lazer. “A valorização de espaços de
entretenimento em casa passou a ser ainda maior. Desde o início da pandemia, as
pessoas passaram a prestar mais atenção em suas casas e como ela pode oferecer,
além de abrigo, diversão em família”, acrescenta.
O isolamento social também fez com que as pessoas
fizessem a maioria das refeições em casa e, consequentemente, passassem mais
tempo na cozinha. “A cozinha foi mais valorizada neste período. Assim como os
outros cômodos da casa, ela precisa ser agradável e funcional”, diz Karenina.
Áreas verdes em casa são cada vez mais desejadas e trazem vários benefícios: o
contato com a natureza promove bem-estar e traz conforto térmico e alívio
visual. “O cultivo das plantas também vira um momento de descompressão”
finaliza.
https://hilnethcorreia.com.br/2021/03/08/arquiteta-potiguar-aponta-as-tendencias-e-transformacoes-do-morar-motivadas-pela-pandemia/