Querido amigo Diogenes,
Um passarinho me contou de seu
aniversário e acho que foi o Galo de Campina, o meu principal interlocutor aqui
na Vivenda da Conceição, paço da Fazenda Lagoa Nova. Se houvesse recebido a informação entre a
Praia de Cotovelo e o Vale do Rio Pium, sua autoria certamente teria sido do
Rouxinol, com voz igualmente intimista, destacável, solitária, mas de grande
poder de persuasão. E se atribuo ao Galo de Campina o achado de seu dia de luz,
nada mais natural dedicar o poema, que lhe dediquei, também a você, meu
interlocutor humano no universo onírico da poesia. Ademais, como presente de
aniversário. Amém.
O GALO de CAMPINA
Ao poeta Diogenes da Cunha Lima
o galo de campina passa
costurando em cruz
o amanhecer
é sempre o primeiro
a celebrar o sol
ainda sem vê-lo
quanta nobreza
no galo de campina
ao cruzar o paço
no mesmo terraço
onde reina a noite
e reinará o dia
seu lar é o descampado
a límpida visão
do tempo parado
com seu rubro capelo
desfila na aurora
de róseos segredos
e por chamar-se galo
tem a primazia
da saudação do dia
o outro é profeta
senhor das alvíssaras
e ele poeta
mas o destino se alia
ao canto dos dois
em esperança e poesia
HORÁCIO PAIVA
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