HORÁRIO de TRABALHO
Depois da
treze poderei sofrer:
antes,
não.
Tenho os
papéis, tenho os telefonemas,
tenho as
obrigações, à hora-certa.
Depois
irei almoçar vagamente
para
sobreviver,
para
aguentar o sofrimento.
Então, depois
das treze, todos os deveres cumpridos,
disporei
o material da dor
com a
ordem necessária
para
prestar atenção a cada elemento:
acomodarei
no coração meus antigos punhais,
distribuirei
minhas cotas de lágrimas.
Terminado
esse compromisso,
voltarei ao
trabalho habitual.
CECÍLIA MEIRELLES
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