Agnelo Alves não é um homem público. É muito mais do que isso: é um homem
de interesse público. As suas ações, o que escreve, o que transmite ao povo,
notadamente às pessoas mais pobres, dão esse sentimento.
Está na hora, caro leitor, de comprar o seu livro Crônicas de outros tempos e circunstâncias, selecionadas pelos
sempre editores Osair Vasconcelos e Carlos Peixoto.
Veríssimo de Melo, que tanto desejou ter essa incumbência, sabia que a
seleção, por assunto ou por época, daria mais de três livros.
Agnelo é um artista da palavra, jornalista do tempo de Carlos Lacerda,
agora escritor-jornalista. A sua escrita, como a sua vida intensamente vivida,
é feita de talento, generosidade, energia e emoção.
De fato, Agnelo já teve de tudo, em altos e baixos. Foi prefeito de Natal,
injustamente cassado como Djalma Maranhão. Teve direitos políticos suspensos
por uma década. Renunciou à sedução do Senado da República (no final do ano
2000) para ser prefeito de Parnamirim. Com liderança aplaudida presidiu a Federação
do Município do Rio Grande do Norte - FEMURN.
Um dia, procurei o prefeito em nome da Sociedade dos Amigos (no
centenário) de Dinarte Mariz. Lembrei que Dinarte havia emancipado Parnamirim.
Disse-me: “um momentinho”. E, na hora, ligou para o Secretário de Obras,
determinando a contratação de um escultor. Iria inaugurar, em praça, o busto de
Dinarte Mariz. Nenhuma mágoa da cassação, sabe que a história nunca permite a
morte da memória de quem deve ser lembrado. A Aluízio Alves – o irmão de quem
vezes discordava e sempre amava – homenageou com um belo parque. Lá, agora está
fazendo um planetário para que o povo possa
ver melhor as estrelas e entre as quais vislumbrar, na eternidade, um,
outro, ou os dois grandes líderes do nosso Estado.
O administrador Agnelo prossegue valorizando a nobreza do passado. Deu a
uma Escola o nome do professor martirizado, Luís Maranhão. O grande poeta nosso,
e brasileiro, Luís Carlos Guimarães tutela outra escola. A pioneira Maria do
Céu Fernandes, primeira deputada, não foi esquecida. Mais interessante é uma
mulher que tem o nome de Conceição, que quer dizer concepção, primeira parteira
de Pium. Esta, cujo nome é Raimunda Maria da Conceição, foi homenageada como
patrona de uma escola municipal.
Só uma coisa não esta certa no passado: o nome Agnelo. Do latim agnus, cordeiro. Ele não é um pequeno cordeiro em nada do que faz ou
diz. Esperto, discorda da vontade de outros, é criativo, muitas vezes usando a
ironia como arma e a sagacidade como estratégia vitoriosa. A sua crônica, ainda
que escrita “no aligeirado do tempo”, está cheia de valores humanos e
culturais. Sei que Veríssimo, no mais alto, está feliz e sorrindo com o novo
livro. E desejando, como todos nós, que outros livros do autor sejam editados.
(DCL)
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