Eugène Delacroix: A Liberdade Guiando o Povo |
Nos meus
cadernos de escola
Nesta
carteira, nas árvores,
Nas
areias e na neve
Escrevo
teu nome
Em toda
página lida
Em toda
página branca,
Pedra,
sangue, papel, cinza,
Escrevo
teu nome
Nas
imagens redouradas,
Na
armadura dos guerreiros,
E na
coroa dos reis
Escrevo
teu nome
Nas
jungles e no deserto,
Nos
ninhos e nas giestas,
No céu da
minha infância
Escrevo
teu nome
Nas
campinas, no horizonte,
Nas asas
dos passarinhos
E no
moinho das sombras
Escrevo
teu nome
Nas
veredas acordadas
E nos
caminhos abertos,
Nas
praças que regurgitam
Escrevo
teu nome
Na
lâmpada que se acende,
Na
lâmpada que se apaga,
Em minhas
casas reunidas
Escrevo
teu nome
Em meu
cão guloso e meigo,
Em suas
orelhas fitas,
Em sua
pata canhestra
Escrevo
teu nome
No
trampolim desta porta,
Nos
objetos familiares,
Na língua
do fogo puro
Escrevo
teu nome
Em toda
carne possuída,
Na fronte
de meus amigos,
Em cada
mão que se estende
Escrevo
teu nome
Em meus
refúgios destruídos,
Em meus
faróis desabados,
Nas
paredes do meu tédio
Escrevo
teu nome
Na
ausência sem mais desejos,
Na
solidão despojada,
E nas
escadas da morte
Escrevo
teu nome
Na saúde
recobrada
No perigo
dissipado
Na
esperança sem memórias
Escrevo
teu nome
E no
poder de uma palavra
Recomeço
minha vida
Nasci pra
te conhecer
E te
chamar
LIBERDADE.
PAUL
ÉLUARD
Tradução
dos mestres Manuel Bandeira
e Carlos Drumond de Andrade.
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