Quase sempre a crônica é íntima, uma relação pessoal entre autor e leitor. Como se fosse escrita para quem está lendo, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Ela é o espaço em que o escritor transita pelo cotidiano, opina, evoca, conta casos, traduz emoções, abre o coração. Na crônica cabe lirismo, humor, indignação, meditação. Sobre o exercício de escrever crônicas, o genial Carlos Drummond de Andrade disse: “Esse ofício de rabiscar sobre as coisas do tempo”. Tinha toda razão.
Há crônicas que são poemas
em prosa, outras são pequenos contos ou pedaços da história. Nascida na
imprensa, hoje se destaca em blogues. Falo tudo isso para recomendar “Múltipla”,
novo livro Maria Elza Bezerra Cirne, uma seleção das melhores crônicas
publicadas no seu blog desde 2019. Uma obra marcada pela singeleza e a precisão
da narrativa. Evocações desde a infância, experiência de vida, os eleitos pela
autora e suas circunstâncias. Uma bela criação.
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