ronaldo e diogenes cunha lima |
Hoje a
vizinha Paraíba e parte dela que habita o solo potiguar celebram os 86 anos de
nascimento do poeta, advogado, político e agropecuarista que expandiu sua
inteligência para todo o Brasil com ações políticas e atos literários que os
levaram a ter um livro incluído num curso de mestrado em linguística na
Universidade de Berlim. Nascido em 18 de março de 1936, começou a trabalhar aos
15, em 1951, como jornaleiro e boy de um cartório.
Nos anos
1970 eu vi Ronaldo Cunha Lima pela primeira vez numa televisão em preto e
branco, ele no palco do programa J. Silvestre, na TV Tupi. Dois fatos atraíram
minha atenção: suas citações dos poemas de Augusto dos Anjos – que nunca mais
deixei de ler e até criei um personagem inspirado nele – e os nome e sobrenome
da sua mãe, exatamente iguais aos da minha, Dona Francisca e/ou Dona Nenzinha.
Ronaldo foi genial, como os sonetos dele abaixo.
OS OLHOS
de NÓS DOIS
Que meus
olhos te vejam todo dia,
em uma
hora qualquer, qualquer momento,
como pode
te ver meu pensamento
que por
teu corpo, quando quer, vadia.
Que a
minha boca encontre a ousadia
de beijar
tua boca e que esse intento
aconteça
suave como o vento,
despertando
a paixão, que obsedia.
Que eu te
veja e me veja novamente.
nossos olhos,
postados frente a frente,
talvez
permitam amanhãs, depois.
Quem
sabe, então, o teu olhar me veja
com o
olhar de quem quer, de quem deseja
ver a
vida com os olhos de nós dois.
FORTALEZA
INTERIOR
Cansado
de sofrer do mal de amor
resolvi
proteger meu coração.
e comecei
a grande construção
da minha
fortaleza interior.
Fiz vigas
de concreto contra a dor,
revesti
as paredes de razão.
janelas,
portas, piso, elevador...
tudo
impermeável à emoção.
Como não
tem no mundo quem não falhe,
esqueci,
entretanto, de um detalhe,
e o meu
trabalho não ficou completo.
Meu
coração, enfim adormecido,
acordou
de repente com um ruído...
era a
saudade entrando pelo teto!
Publicado na “Tribuna do Norte”
18 de março de 2022
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